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Pressão aumenta sobre Macron após protestos contra reforma previdenciária

Manifestantes incendiaram carros durante a noite em Paris e outras cidades francesas em manifestações envolvendo milhares de pessoas. - Por Noemie Olive e Ingrid Melander
Manifestantes incendiaram carros durante a noite em Paris e outras cidades francesas em manifestações envolvendo milhares de pessoas. Imagem: Por Noemie Olive e Ingrid Melander

Noemie Olive e Ingrid Melander

Em Paris

17/03/2023 09h51

Por Noemie Olive e Ingrid Melander

PARIS (Reuters) - O presidente francês, Emmanuel Macron, enfrenta nesta sexta-feira o mais grave desafio à sua autoridade desde os chamados protestos dos Coletes Amarelos, após a decisão de aprovar uma contestada reforma previdenciária sem votação, provocando distúrbios violentos durante a noite.

Carros foram incendiados durante a noite em Paris e outras cidades francesas em manifestações envolvendo vários milhares de pessoas. Os sindicatos têm convocado trabalhadores a intensificarem os atos e bloquearam brevemente o anel viário de Paris nesta sexta-feira.

Um outro protesto começou em Paris no início da noite, quando os manifestantes se reuniram na Place de la Concorde, perto do prédio da Assembleia Nacional.

"Algo fundamental aconteceu, e assim, imediatamente, mobilizações espontâneas ocorreram em todo o país", disse o líder de esquerda Jean-Luc Melenchon. "Não é preciso dizer que eu os encorajo."

A reforma previdenciária aumenta a idade de aposentadoria da França em dois anos, para 64 anos, o que o governo diz ser essencial para garantir que o sistema não quebre.

Os sindicatos e a maioria dos eleitores discordam do diagnóstico.

Os franceses estão profundamente empenhados em manter a idade oficial de aposentadoria em 62 anos, que está entre as mais baixas dos países da OCDE.

Mais de oito em cada dez pessoas estão insatisfeitas com a decisão do governo de se esquivar de uma votação no Parlamento, e 65% querem que greves e protestos continuem, mostrou uma pesquisa da Toluna Harris Interactive para a rádio RTL.

Seguir em frente sem votação "é uma negação da democracia... uma negação total do que vem acontecendo nas ruas há várias semanas", disse a psicóloga Nathalie Alquier, de 52 anos, em Paris. "É simplesmente insustentável."

Uma ampla aliança dos principais sindicatos da França disse que continuará a mobilização para tentar forçar o governo de Macron a recuar. Protestos ocorreram em cidades como Toulon nesta sexta-feira, e outros foram planejados para o fim de semana. Um novo dia de paralisação nacional está agendado para quinta-feira.

Sindicatos de professores convocaram greves para a próxima semana, o que pode atrapalhar exames importantes do ensino médio.

O ministro do Interior, Gerald Darmanin, disse que cerca de 310 pessoas foram presas pela polícia e prometeu reprimir os causadores de distúrbios.

"A oposição é legítima, os protestos são legítimos, mas causar confusão não é", disse ele à rádio RTL.

Parlamentares da oposição de esquerda e centro apresentaram uma moção de desconfiança no Parlamento na tarde desta sexta.

Mas, embora Macron tenha perdido sua maioria absoluta na câmara baixa do Parlamento nas eleições do ano passado, há poucas chances dessa moção ser aprovada, a menos que uma aliança surpreendente de parlamentares de todos os lados seja formada, da extrema-esquerda à extrema-esquerda.

Os líderes do partido conservador Les Republicains descartaram tal aliança. Nenhum deles havia patrocinado a primeira moção de censura nesta sexta. Esperava-se que a extrema-direita apresentasse outra no final do dia.