Lula cobra que ministros trabalhem para população perceber resultados das ações do governo

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu na reunião ministerial desta segunda-feira que seus auxiliares busquem maneiras de fazer com que a população possa enxergar os resultados das políticas públicas do governo.

O esforço para melhorar a percepção da sociedade sobre as ações tomadas Executivo -- e seus resultados -- ocorre na esteira de pesquisas de opinião que registraram oscilações negativas para a popularidade de Lula e de sua gestão.

Segundo Rui Costa, o presidente pediu que os ministros revisitem os projetos lançados no ano passado e busquem sua concretização.

"E que a gente procure agregar em indicadores que sejam compreensíveis pela população, os resultados do governo, os resultados da economia, os resultados das coisas que estamos fazendo", disse o ministro da Casa Civil em entrevista coletiva após a reunião. Costa e outros integrantes do governo disseram vem como "naturais" as variações dos índices de avaliação.

Para o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, as pesquisas oferecem um retrato de uma situação "complexa" e "sofisticada", constituída a partir de um conjunto de fatores. Ele lembra que além dos eleitores de Lula e dos eleitores de Bolsonaro, há uma massa de mais de 20% da população que não se pronunciou nas eleições presidenciais em 2022 ao optar por votar nulo, em branco, ou se abster.

"A avaliação positiva do governo, ela oscilou e ela oscila em torno de 39%, de 37%, 36%, dependendo da pesquisa. Ela nunca saiu da margem de erro", disse Pimenta a jornalistas.

"Bolsonaro fez 37% (nas urnas). Nós temos uma avaliação 'ruim/péssimo' abaixo disso. E temos um 'regular' que oscila aí entre 30%, 36%. O que varia geralmente nas pesquisas é a posição desses regulares. Como é que nós vamos dialogar com os regulares? Vamos dialogar, basicamente, a partir das políticas públicas", argumentou o ministro responsável pela estratégia de comunicação do governo.

Pimenta manifestou ainda a expectativa de que as famílias comecem a perceber mudanças na qualidade de vida ao longo deste ano, quando espera que poderão ser colhidos resultados de ações tomadas pelo governo no ano passado.

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"Não dá para você imaginar que as pessoas vão perceber uma melhoria real na qualidade da sua vida até que a política pública chegue lá. O presidente Lula tem muita clareza disso", afirmou o ministro, lembrando que ainda entram como componentes da imagem do governo a polarização já identificada no país e uma consequente "trava de avaliação".

META FISCAL

Na entrevista coletiva, Rui Costa disse que o tema da mudança da meta fiscal para este ano não está posto e afirmou que a discussão sobre planejamento orçamentário no governo se dará somente após a divulgação de um relatório sobre receitas e despesas previsto para os próximos dias.

"Isto não está posto no momento e nós só conversaremos sobre este tema ou qualquer outro relacionado à execução orçamentária ou planejamento orçamentário a partir do relatório do bimestre", disse Costa.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 enviada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso no ano passado prevê zerar o déficit primário neste ano, mas o cumprimento da meta depende da efetivação de medidas legislativas que garantam um aumento da arrecadação federal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem reiterado confiança em cumprir a meta fiscal de 2024, ao mesmo tempo que tem ressaltado a necessidade de uma harmonia entre Executivo, Legislativo e Judiciário para chegar ao objetivo.

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Apesar da insistência de Haddad em manter a meta de zerar o déficit primário neste ano, Lula já deu declarações que apontam um compromisso menor do presidente com a meta defendida pelo chefe da Fazenda.

No mês passado, por exemplo, Lula disse em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, que "se der" para zerar o déficit, "ótimo, mas, se não der, ótimo também".

(Reportagem de Lisandra Paraguassu, em Brasília; reportagem adicional de Maria Carolina Marcello, em Brasília, e Eduardo Simões, em São Paulo)

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