Novo presidente de Taiwan pede à China que pare com ameaças

Por Yimou Lee e Ben Blanchard

TAIPÉ (Reuters) - O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, pediu à China nesta segunda-feira que pare com suas ameaças militares e políticas, dizendo em seu discurso de posse que a paz é a única opção e que Pequim deveria respeitar a escolha do povo taiwanês.

A China respondeu dizendo que Lai enviou "sinais perigosos" que buscam minar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan.

Lai, dirigindo-se à multidão do lado de fora do escritório presidencial da era colonial japonesa no centro de Taipé, repetiu o pedido de conversações com a China, que considera a ilha democrática como seu próprio território e nunca renunciou ao uso da força para colocá-la sob o controle de Pequim.

"Também quero pedir à China que pare de intimidar Taiwan política e militarmente e que assuma a responsabilidade global com Taiwan de trabalhar arduamente para manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e na região, para garantir que o mundo não tenha medo de uma guerra", disse ele.

"Também queremos declarar isso ao mundo: Taiwan não faz concessões quanto à democracia e à liberdade. A paz é a única opção e a prosperidade é nossa meta para a paz e a estabilidade de longo prazo."

O Escritório de Assuntos de Taiwan da China disse que a situação no Estreito de Taiwan era "complicada e sombria".

"A independência de Taiwan é incompatível com a paz no Estreito de Taiwan", afirmou. "Não importa como a situação na ilha mude, não importa quem esteja no poder, isso não mudará o fato de que os dois lados pertencem à mesma China."

A China repetidamente chamou Lai de "separatista" que arriscou uma guerra no período que antecedeu sua eleição em janeiro.

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Taiwan tem enfrentado pressão da China, incluindo atividades regulares da Força Aérea e da Marinha perto da ilha, desde a vitória eleitoral de Lai, de 64 anos, que é amplamente conhecido por seu nome em inglês, William.

Lai, que assumiu o lugar de Tsai Ing-wen, tendo atuado como seu vice-presidente nos últimos quatro anos, disse que as pessoas devem ser realistas com relação à ameaça e que Taiwan deve mostrar sua determinação em se defender.

"Caros cidadãos, temos o ideal de buscar a paz, mas não devemos ter ilusões", declarou ele. "Antes que a China desista de usar a força para invadir Taiwan, os cidadãos precisam entender isso: mesmo se aceitarmos todas as reivindicações da China e desistirmos de nossa soberania, a ambição da China de anexar Taiwan não desaparecerá."

Lai foi muito aplaudido depois de reiterar que a República da China - o nome formal de Taiwan - e a República Popular da China "não são subordinadas uma à outra", uma linha que Tsai também adotou.

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