Pesquisa projeta vitória do Reunião Nacional de Le Pen na França, sem maioria absoluta

Por Elizabeth Pineau e Michel Rose

PARIS (Reuters) - O partido de extrema-direita Reunião Nacional aparece como vencedor das eleições antecipadas da França, mas sem uma maioria absoluta, na primeira pesquisa de opinião publicada desde a chocante decisão do presidente Emmanuel Macron de dissolver o Parlamento.

Após uma imensa derrota do seu partido Renascimento na eleição para o Parlamento Europeu no domingo, Macron anunciou eleições antecipadas para a câmara baixa do Parlamento, com o primeiro turno marcado para 30 de junho, a menos de três semanas, e o segundo para 7 de julho.

O partido Reunião Nacional anti-imigração e cético em relação à União Europeia, de Marine Le Pen, conhecido como RN, conquistaria entre 235 e 265 cadeiras na Assembleia Nacional, um enorme salto das suas atuais 88, mas abaixo das 289 necessárias para uma maioria absoluta, segundo uma pesquisa da Toluna Harris Interactive for Challenges, M6 e RTL.

A aliança centrista de Macron poderia perder metade dos seus parlamentares, de 250 para entre 125 e 155, segundo a pesquisa desta segunda-feira. Juntos, partidos de esquerda poderiam controlar de 115 a 145 assentos, embora cada um deles possa concorrer sozinho.

Não há certeza se o RN comandaria o governo, com ou sem uma aliança com outros partidos. Outros cenários incluem uma ampla coalizão de partidos tradicionais ou um Parlamento completamente travado.

Mas a decisão chocante de Macron realmente oferece uma chance de a extrema-direita, cada vez mais popular, assumir o poder. O rolar de dados sobre o futuro político imediatamente fez com que o euro caísse, e as ações e títulos do governo, despencassem. O RN levou 31,4% dos votos na eleição do Parlamento Europeu, enquanto a coalizão Renascimento ficou em 14,6%.

Mesmo se o RN conseguir uma maioria no Parlamento francês, Macron continuará presidente por mais três anos e ainda será responsável por defesa e política externa.

Mas ele perderia controle da agenda doméstica, inclusive de política econômica, segurança, imigração e finanças, o que influenciaria outras políticas, como auxílio à Ucrânia, porque ele precisaria do apoio do Parlamento para financiar qualquer apoio dentro do Orçamento da França.

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“Ainda estamos em choque”, disse Emmanuel Pellerin, um parlamentar do partido de Macron, à Reuters. “Tudo aponta para o RN conseguindo uma maioria relativa ou absoluta. Mas isso força os franceses a pensarem sobre o que está em jogo.”

NEGOCIAÇÕES PARTIDÁRIAS

Os líderes do RN, Jordan Bardella e Le Pen, tiveram conversas nesta segunda-feira com Marion Marechal, do menor partido de extrema-direita Reconquista. Marechal é sobrinha de Le Pen e costumava ser membro importante do partido antes de elas romperem.

Bardella afirmou após a reunião que as conversas estavam em andamento para formar uma aliança. Acrescentou que também estava falando com alguns membros do partido conservador Os Republicanos.

Líderes da muito dividida esquerda francesa -- a esquerda radical do LFI (França Insubmissa), Comunistas, Socialistas e Verdes -- também estavam em discussões.

“Não temos tempo de procrastinar", disse Manon Aubry, do LFI, a repórteres. “O objetivo é conseguir se reunir novamente, construir o futuro e, acima de tudo, vencer."

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Uma fonte próxima de Macron disse que o líder de 46 anos, cujo poder diminuiu desde que perdeu a maioria absoluta no Parlamento dois anos atrás, calculou que há uma chance de conseguir recuperar a maioria, pegando todo mundo de surpresa.

Para Le Pen e Bardella, o desafio é transformar popularidade em uma vitória. A votação deve girar em torno não apenas da insatisfação com o estilo de governo de Macron, custo de vida e políticas de imigração, mas também se é possível confiar no RN para comandar um grande governo europeu.

(Reportagem adicional de Ingrid Melander, Sophie Louet, Dominique Vidalon, Sudip Kar-Gupta, Tassilo Hummel, Blandine Henault, Benoit Van Overstraeten, Gabriel Stargardter, Dominique Patton)

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