G7 confronta China sobre comércio; papa fala de IA

MANILA (Reuters) - O papa Francisco fez nesta sexta-feira uma aparição histórica no encontro do G7 para falar sobre os prós e contras da inteligência artificial, enquanto líderes do grupo prometeram combater o que disseram ser práticas comerciais danosas por parte da China.    A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, anfitriã do encontro, convidou o papa e outros chefes de Estado e de governo, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro-ministro da Índia e o rei da Jordânia, em um esforço para evitar mostrar o G7 como um clube exclusivo e distante.    “Nunca aceitaremos a narrativa do ‘Ocidente contra o resto’”, afirmou Meloni no encontro de sexta-feira.    O papa, que chegou em uma cadeira de rodas e cumprimentou os líderes, incluindo o presidente norte-americano, Joe Biden, e seu colega argentino, Javier Milei, reconheceu a ambivalência da inteligência artificial, dizendo que ela pode ampliar o acesso ao conhecimento.    “E, ao mesmo tempo, também pode trazer maior injustiça entre nações avançadas e em desenvolvimento, ou entre classes sociais dominantes e oprimidas”, afirmou o pontífice de 87 anos.    Os membros do G7, que também incluem Reino Unido, França, Alemanha, Japão e Canadá, focalizaram mais cedo no poder econômico da China e no que consideram ser mercados desequilibrados, como os de veículos elétricos, aço e energias renováveis.    O comunicado do encontro, divulgado na noite desta sexta-feira, salientou que o G7 não está tentando prejudicar a China ou seu desenvolvimento econômico, mas que “continuaria tomando ações para proteger nossos negócios de práticas injustas, para nivelar o campo e remediar danos contínuos”.    Também houve alertas contra instituições financeiras chinesas que ajudaram a Rússia a obter armas em sua guerra contra a Ucrânia.    Durante o primeiro dia de encontros no sul da Itália, as nações do G7 concordaram em oferecer 50 bilhões em empréstimos para a Ucrânia, com base nos juros de ativos russos congelados, saudando esse acordo como um sinal poderoso da determinação do Ocidente quanto ao conflito.    Meloni, que chefia um governo de direita, não passou pela declaração sem problemas, por causa do tratamento dado a questões sociais delicadas. Os líderes não fizeram referência direta ao aborto no comunicado final, e a Itália se recusou a ceder às pressões francesas para incluir a palavra no texto.    O esboço também foi criticado por enfraquecer o apoio aos direitos da comunidade LGBTQ, em comparação com a declaração emitida na reunião anterior dos líderes, no Japão. A Itália afirmou que era uma tempestade diplomática em copo d’água, e que o G7 não mudou sua posição quanto ao assunto.    (Reportagem adicional de Crispian Balmer, Andrew Gray, Angelo Amante e Thomas Escritt)