Ramaphosa é reeleito presidente da África do Sul após CNA chegar a acordo de coalizão

Por Wendell Roelf e Nellie Peyton

CIDADE DO CABO, África do Sul (Reuters) - O partido Congresso Nacional Africano (CNA) e seu maior rival, a Aliança Democrática (AD) — liderada por brancos e pró-mercado — concordaram nesta sexta-feira em trabalhar juntos no novo governo de união nacional na África do Sul, uma grande mudança após 30 anos de administrações do CNA.

Antes impensável, o acordo permitiu que o presidente Cyril Ramaphosa obtivesse um segundo mandato. Ele foi reeleito pelos parlamentares com 283 votos.

O acordo entre dois partidos fortemente antagônicos reflete a maior mudança política da África do Sul desde que Nelson Mandela deu ao CNA a vitória na eleição de 1994, que marcou o fim do apartheid.

"Será mais uma vez um privilégio e um prazer servir a esta grande nação ...(como) presidente", disse o líder de 71 anos em um discurso ao Parlamento, descrevendo o próximo governo como uma era de esperança e inclusão.

"O fato de vários partidos que se opunham uns aos outros ... terem decidido trabalhar juntos para chegar a esse resultado deu um novo nascimento, uma nova era ao nosso país", afirmou.

O CNA perdeu sua maioria pela primeira vez em uma eleição no dia 29 de maio e passou duas semanas em negociações com outros partidos até o fim na manhã desta sexta-feira, quando o novo Parlamento se reuniu na Cidade do Cabo.

"Hoje é um dia histórico para o nosso país", disse o líder da AD, John Steenhuisen.

"E acho que é o início de um novo capítulo ... em que colocamos nosso país, ... seus interesses e seu futuro em primeiro lugar."

Continua após a publicidade

A Assembleia Nacional já havia eleito um parlamentar da AD como vice-presidente, após escolher um político do CNA como presidente -- primeiro exemplo concreto de compartilhamento de poder entre os dois partidos.

Há muito tempo visto como imbatível nas eleições nacionais, o CNA perdeu apoio nos últimos anos à medida que os eleitores se cansaram dos níveis persistentemente altos de pobreza, desigualdade e criminalidade, dos cortes de energia e da corrupção nas fileiras do partido.

"Hoje é um passo notável após o 29 de maio", afirmou o secretário-geral do CNA, Fikile Mbalula, acrescentando que os partidos que formarão o governo de união vão cooperar no Executivo e no Legislativo.

"Deixem-me explicar que um governo de união nacional é bom para o país."

(Reportagem adicional de Alexander Winning, Tannur Anders, Bhargav Acharya, Sfundo Parakozov, Kopano Gumbi e Tim Cocks)

Deixe seu comentário

Só para assinantes