Rússia promete retaliação contra os EUA por ataque da Ucrânia na Crimeia

Por Dmitry Antonov e Guy Faulconbridge

MOSCOU (Reuters) - O Kremlin culpou diretamente os Estados Unidos, nesta segunda-feira, por um ataque contra a Crimeia com mísseis ATACMS fornecidos pelos norte-americanos que matou pelo menos quatro pessoas e deixou 151 feridas, e Moscou formalmente alertou o embaixador dos EUA que haverá retaliação. 

A guerra na Ucrânia aprofundou uma crise nas relações entre Rússia e o Ocidente, e autoridades russas disseram que o conflito está entrando na escalada mais perigosa até agora. 

Mas culpar diretamente os Estados Unidos por um ataque contra a Crimeia -- que a Rússia anexou unilateralmente em 2014, embora a maioria do mundo a considere parte da Ucrânia -- é um passo além. 

“Vocês deveriam perguntar aos meus colegas na Europa e, acima de tudo, em Washington, os secretários de imprensa, por que os seus governos estão matando crianças russas”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres. 

Pelo menos duas crianças foram mortas no ataque contra Sevastopol, no domingo, de acordo com autoridades russas. Pessoas foram exibidas correndo de uma praia perto de Sevastopol e alguns feridos sendo carregados em espreguiçadeiras. Kiev não comentou o ataque. 

A Rússia afirmou que os Estados Unidos forneceram as armas, enquanto militares norte-americanos teriam apontado os alvos e fornecido dados.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou a embaixadora norte-americana, Lynne Tracy, e lhe disse que Washington está “travando uma guerra híbrida contra a Rússia e de fato se tornou parte do conflito”.

“Definitivamente haverá medidas retaliatórias”, disse.

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Tracy afirmou que Washington lamenta qualquer morte de civis, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, a repórteres, acrescentando que Washington fornece armas à Ucrânia para que ela possa defender seu território soberano, incluindo a Crimeia. 

O porta-voz do Pentágono, major Charlie Dietz, disse que a “Ucrânia toma suas próprias decisões sobre alvos e conduz suas próprias operações militares”. 

O presidente russo, Vladimir Putin, alertou repetidas vezes para o risco de uma guerra muito mais ampla envolvendo as maiores potências nucleares do mundo, embora tenha dito que a Rússia não quer um conflito com a Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos. 

MEDIDAS RETALIATÓRIAS DA RÚSSIA

O presidente norte-americano, Joe Biden, descartou enviar tropas dos EUA para lutar na Ucrânia e disse, pouco depois da invasão russa em 2022, que um confronto direto entre a Otan e a Rússia seria a Terceira Guerra Mundial. 

Putin afirmou na quinta-feira que a Rússia pode fornecer armas à Coreia do Norte, no que sugeriu que seria uma resposta equivalente ao Ocidente armando a Ucrânia. 

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Questionado sobre o que a resposta russa seria ao ataque na Crimeia, Peskov lembrou as palavras de Putin em 6 de junho sobre um posicionamento mais amplo de armas convencionais. 

“Claro, o envolvimento dos Estados Unidos no conflito, cujo resultado são russos pacíficos morrendo, tem que ter consequências”, disse Peskov. 

“Quais elas serão - o tempo dirá”. 

(Reportagem de Dmitry Antonov)

((Tradução Redação Rio de Janeiro))

REUTERS PF

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