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Herdeiro político de Mujica vai disputar eleição no Uruguai; esquerda lidera pesquisas

Yamandú Orsi (à dir.) venceu as primárias e vai concorrer à presidência do Uruguai em outubro Imagem: Eitan Abramovich/AFP

Lucinda Elliott;

01/07/2024 09h09

Os uruguaios escolheram no domingo os candidatos à Presidência que disputarão a eleição de outubro, à medida que as pesquisas de opinião mostram que a oposição de esquerda está à frente entre eleitores preocupados com a segurança pública e a crescente desigualdade.

Os primeiros resultados das eleições primárias mostraram que Yamandú Orsi, prefeito da segunda maior região do Uruguai, venceu a disputa da oposição de esquerda, superando a adversária Carolina Cosse, prefeita da capital Montevidéu.

A principal força do atual governo de coalizão de centro-direita será representada por Álvaro Delgado, segundo os resultados de domingo.

Quem quer que vença a eleição geral marcada para 27 de outubro ou, mais provavelmente, o segundo turno em novembro, precisará reduzir as altas taxas de homicídios, melhorar a rede de segurança social, equilibrar o comércio com o principal parceiro, a China, e manter o rumo de uma economia que deve crescer quase 4% neste ano.

As pesquisas mostram que os uruguaios estão se desanimando com a coalizão de centro-direita do presidente Luis Lacalle Pou, apesar de sua condução bem-sucedida da economia durante a pandemia da covid-19 e os reveses econômicos após a guerra na Ucrânia.

Lacalle Pou, de 50 anos, tem se esforçado para cumprir a promessa de combater o tráfico de drogas, o que está prejudicando a reputação do Uruguai como um farol de estabilidade na turbulenta América do Sul. A percepção da fraqueza do Estado de bem-estar social e o aumento da corrupção também têm prejudicado seu partido.

Isso tem feito com que a coalizão de centro-esquerda Frente Ampla, que governou o país de 2004 a 2019, fique à frente dos principais partidos de centro-direita, segundo as últimas pesquisas de opinião.

"Hoje temos a fórmula (para vencer)", disse Orsi durante seu discurso de vitória com a rival Cosse ao seu lado, indicando que ela será sua companheira de chapa no início da campanha.

O instituto de pesquisas uruguaio Cifra previu que a Frente Ampla obteria 47% de apoio em maio, cerca de 15 pontos à frente do Partido Nacional, de Lacalle Pou, a principal força da coalizão governista. O bloco conservador mais amplo combinado, no entanto, obteria cerca de 43%.

Cerca de 10% dos eleitores permanecem indecisos, o que sugere que a eleição presidencial de outubro será apertada. O comparecimento às urnas no domingo atingiu uma mínima histórica de 36% e, embora as eleições primárias não sejam obrigatórias, os analistas alertaram que a insatisfação popular provavelmente permanecerá alta.

Lacalle Pou continua popular, mas seu gabinete tem sido abalado por acusações de espionagem política e corrupção. Ele próprio não pode concorrer à reeleição imediata.

O presidente venceu por pouco a eleição em 2019, forjando uma "coalizão multicolorida", incluindo o centrista Partido Colorado, que seu sucessor, Álvaro Delgado, planeja replicar.

Delgado se apresentou como o candidato da continuidade, tendo servido como chefe de gabinete do presidente e era amplamente esperado que garantisse a indicação do Partido Nacional.

A experiência de Orsi e o endosso público do ex-presidente José Mujica, um ícone da esquerda latino-americana, significavam que ele estava em melhor posição para ganhar a indicação presidencial da oposição, segundo analistas.

"O Uruguai de hoje é um país inseguro e desigual", disse Orsi à Reuters antes da votação das primárias, prometendo "uma esquerda moderna" que reverterá os índices prejudiciais de "pobreza e miséria".

Se nenhum candidato à Presidência receber mais de 50% dos votos em 27 de outubro, um segundo turno será realizado em 19 de novembro.

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