Presidente da Áustria pede para centro-direita, e não a extrema-direita, formar novo governo

Por Francois Murphy

VIENA (Reuters) - O presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, pediu ao chanceler Karl Nehammer, líder do conservador Partido do Povo, para formar um governo, sob objeções do Partido da Liberdade, de extrema-direita, que venceu a eleição geral do mês passado.

O Partido da Liberdade (FPO), eurocético e pró-Rússia, ficou em primeiro lugar na eleição de 29 de setembro pela primeira vez na história. Mas, com cerca de 29% dos votos, precisaria formar uma coalizão para ter maioria no Parlamento e formar um governo.

O líder do FPO, Herbert Kickl, afirmou que seria chanceler em um governo liderado pelo FPO, mas outros partidos descartaram a possibilidade de governar com ele. Van der Bellen, que supervisiona a formação de governos, disse que esses partidos mantiveram a decisão.

“A eleição parlamentar de 29 de setembro não é uma corrida em que o partido que cruza a linha de chegada em primeiro automaticamente tem o direito de formar o governo”, disse o presidente de 80 anos em um discurso televisionado.

“Se um partido quer governar sozinho, precisa ultrapassar o obstáculo de 50%. Não é suficiente alcançar 10%, 20% ou 30%.”

Van der Bellen, ex-líder do partido Verde, de esquerda, expressou reservas sobre a entrada de Kickl no governo durante seu mandato e disse que não precisa seguir a convenção de pedir ao vencedor para formar uma coalizão no governo porque é algo sem precedentes ter um partido que nenhum outro partido queira governar em conjunto.

Após determinar que os líderes partidários se reunissem e reportassem a ele, Van der Bellen encarregou Nehammer de realizar negociações de coalizão com os social-democratas (SPO).

Kickl afirmou que seria antidemocrático seu partido não governar e alertou contra a formação de uma “coalizão de perdedores” que o exclua.

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“Isso pode parecer um tapa na cara para muitos de vocês”, disse Kickl a seus apoiadores no Facebook.

“Mas eu prometo a vocês: a última palavra ainda não foi dita”, acrescentou, dizendo que aguardaria o resultado das negociações de coalizão e que seu partido continuaria de braços abertos para outros.

Em um discurso, Nehammer respondeu imediatamente à questão levantada por Van der Bellen sobre se uma coalizão composta pelo segundo colocado OVP e o terceiro colocado SPO poderia funcionar com uma maioria de apenas um assento.

“Para garantir uma maioria parlamentar estável será necessário um terceiro parceiro”, disse ele, acrescentando que “não haverá mais do mesmo” e que ele buscaria reformas.

Com apenas dois outros partidos no Parlamento, isso sugere que ele pretende se focar no partido liberal Neos, em vez de seu atual parceiro de coalizão, os verdes.

A Áustria não é governada por uma coalizão de três partidos desde sua independência em 1955. O OVP e o SPO precisarão superar grandes diferenças ideológicas, incluindo a bandeira política principal do SPO de introduzir impostos sobre riqueza e herança.

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