Premiê da Hungria diz que financiar esforço de guerra da Ucrânia "arruinaria a Europa"
BUDAPESTE (Reuters) - A União Europeia não pode se dar ao luxo de financiar os esforços militares da Ucrânia, já que a ajuda financeira dos Estados Unidos não está mais garantida, disse o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, nesta sexta-feira, depois que os líderes de 26 países da UE assinaram uma declaração expressando apoio à Ucrânia sem a Hungria.
Orbán, um aliado do presidente dos EUA, Donald Trump, que também está cultivando laços com Moscou, disse à rádio estatal que seu governo lançará uma "consulta pública" doméstica sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia nas próximas semanas.
A campanha política financiada pelo Estado ocorrerá no momento em que Orbán, no poder desde 2010, enfrentará eleições em 2026, com a economia apenas saindo de uma crise inflacionária e com um novo partido de oposição em ascensão, que representa o maior desafio até agora para seu governo.
Na quinta-feira, os líderes europeus apoiaram os planos de gastar mais em defesa e continuarão a apoiar a Ucrânia em um mundo abalado pela reversão das políticas dos EUA por Trump.
A cúpula de defesa da União Europeia em Bruxelas ocorreu em meio a temores de que a Rússia, encorajada por sua guerra na Ucrânia, possa atacar um país da UE em seguida e que a Europa não possa mais contar com a ajuda dos EUA.
Mas Orbán, que se recusou a enviar armas para a Ucrânia desde o início da guerra e manteve relações estreitas com Moscou, disse que, em vez de prolongar a guerra, a Europa deveria apoiar as negociações de paz de Trump.
Ele disse que a maneira como a UE quer apoiar a Ucrânia agora, ao mesmo tempo em que aumenta os gastos com defesa da própria Europa, "arruinaria a Europa".
"Se agora os EUA pararem (de financiar a guerra)... por que os outros 26 estados-membros teriam a chance de levar essa guerra até o fim?", disse Orbán à rádio estatal. "Hoje parece que eu vetei. Mas, dentro de semanas, eles voltarão e se descobrirá que não há dinheiro para esses objetivos."
Trump disse que a Europa deve assumir mais responsabilidade por sua segurança. Na quinta-feira, ele colocou em dúvida sua disposição de defender os aliados de Washington na aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), dizendo que não o faria se eles não estivessem pagando o suficiente por sua própria defesa.
Sua decisão de mudar do firme apoio dos EUA à Ucrânia para uma postura mais conciliatória em relação a Moscou alarmou profundamente os europeus que veem a Rússia como a maior ameaça.
(Reportagem de Krisztina Than)
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