Carney toma posse como premiê do Canadá e diz que pode trabalhar com Trump
Por Promit Mukherjee e David Ljunggren
OTTAWA (Reuters) - O ex-presidente de banco central Mark Carney tomou posse como primeiro-ministro do Canadá nesta sexta-feira e imediatamente disse que pode trabalhar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que está prometendo tarifas que podem devastar a economia canadense.
Carney sucede Justin Trudeau, que teve um relacionamento combativo e muitas vezes frio com Trump. Carney, de 59 anos, deixou claro que sua abordagem seria diferente.
"Respeitamos o presidente Trump. O presidente Trump colocou algumas questões muito importantes no topo de sua agenda. Entendemos sua agenda", disse Carney a repórteres após ser empossado, observando que havia trabalhado com Trump em reuniões internacionais.
"Em muitos aspectos, parte da minha experiência se sobrepõe à do presidente -- ambos estamos cuidando de nossos países. Mas ele sabe, e eu sei por experiência própria, que podemos encontrar soluções mútuas que beneficiem a ambos", disse.
Carney, que disse não ter planos imediatos de conversar com Trump, também deixou claro que as declarações de Trump sobre a anexação do Canadá eram "loucura".
Ele reformulou seu gabinete de 24 pessoas com o objetivo de lidar com Washington.
O ministro das Finanças, Dominic LeBlanc, está sendo transferido para a pasta de Comércio Internacional e será substituído pelo atual ministro da Inovação, Francois-Philippe Champagne. A ministra das Relações Exteriores, Melanie Joly, permanece em seu cargo.
O momento marca uma ascensão importante para Carney, que se tornou o primeiro premiê canadense sem nenhuma experiência política importante anterior.
Carney disse que visitaria Londres e Paris na próxima semana. O Canadá tem procurado reforçar as alianças na Europa à medida que suas relações com os Estados Unidos pioram para níveis sem precedentes.
Carney derrotou rivais no domingo em uma disputa para se tornar líder do Partido Liberal, que está no poder. Ele substitui Trudeau, que passou mais de nove anos no cargo.
A ex-ministra das Finanças Chrystia Freeland, cuja surpreendente renúncia em dezembro passado desencadeou uma crise que ajudou a derrubar Trudeau, será a ministra dos Transportes.
Carney, ex-presidente do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra, argumentou com sucesso que sua posição de "outsider" com um histórico de enfrentamento de crises significava que ele era a melhor pessoa para enfrentar Trump, que falou várias vezes sobre anexar o Canadá.
"Nunca, jamais, de forma alguma, seremos parte dos Estados Unidos", disse.
O gabinete nomeado por Carney não permanecerá no cargo por muito tempo, já que os membros do Partido Liberal dizem que ele convocará uma eleição antecipada nos próximos dias. Se ele mudar de ideia, os partidos de oposição dizem que se unirão para derrubar o governo liberal minoritário em um voto de confiança no final de março.
Uma vez convocada a eleição, Carney estará muito limitado em relação ao que pode fazer politicamente, pois a legislação determina que ele não pode tomar decisões importantes quando estiver concorrendo ao cargo.
Atualmente, as pesquisas de opinião sugerem que será uma disputa acirrada com os conservadores da oposição oficial, sendo que nenhum dos partidos ganhará assentos suficientes para um governo majoritário.
(Reportagem adicional de John Irish, em La Malbaie)
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.