Bolsonaro busca na rua apoio à anistia após tentar anular urnas
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Indefensável no Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro busca na rua apoio para aprovar no Congresso uma anistia. A caminho de uma condenação por tentativa de golpe de Estado, agarra-se à democracia como um náufrago. É como se confundisse um jacaré com um pedaço de tronco.
Otimista, Bolsonaro fala em reunir 1 milhão de pessoas na orla de Copacabana no domingo. "Está chegando a hora", disse num vídeo postado no início da semana. "Vamos dar um recado para o Brasil e para o mundo. Quem tem que decidir o nosso futuro é o povo." O principal bordão da manifestação será "anistia já!".
Numa apoteose pós-carnavalesca, Bolsonaro vai ao palanque com duas fantasias. Cercado de provas que ajudou a produzir, veste-se com a capa do perseguido proscrito. Inelegível, finge ser candidato.
Do ponto de vista político, Bolsonaro ficou numa posição parecida com a de Lula em 2017. Prestes a amargar uma sentença criminal, não interessa ao capitão oferecer apoio a opções como Tarcísio de Freitas. Ele prefere simular a própria candidatura.
Bolsonaro sabe que sua pretensão será barrada pela Justiça Eleitoral. Faz da desincompatibilização de Tarcísio do governo paulista, que precisaria ocorrer em abril, uma opção arriscada. O provável indeferimento da falsa candidatura de Bolsonaro, em agosto de 2026, a dois meses da eleição —como fez Lula com Fernando Haddad em 2018—, levaria o "mito" inelegível a apoiar alguém de sua família, provavelmente o filho Eduardo.
Até aqui, Tarcísio submete sua hipotética moderação à coreografia de um futuro condenado. Disse que estará no palanque da anistia, no domingo. Bolsonaro faz do governador de São Paulo um refém de sua candidatura anedótica.
Há três meses, o Datafolha informou que 39% dos brasileiros avaliam que Bolsonaro é vítima de perseguição. Mas 52% acham que ele tentou dar um golpe de Estado. O risco que Tarcísio corre é o de quem olha de longe não distinguir quem é quem.
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