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"Cúpula das Américas parece amaldiçoada", diz Les Echos

13/04/2018 11h35

A imprensa francesa se refere hoje ao esvaziamento da 8ª Cúpula das Américas, programada nesta sexta-feira (13) e sábado em Lima, no Peru.

O jornal econômico Les Echos observa que na ausência de "dois dirigentes de marca", referindo-se ao americano Donald Trump e ao venezuelano Nicolás Maduro, associada ao fato de três importantes dirigentes da região estarem em fim de mandato - o brasileiro Michel Temer, o colombiano Juan Manuel Santos e o mexicano Enrique Pena Nieto -, nada de relevante deverá sair deste encontro. Por outro lado, será o último compromisso internacional do cubano Raúl Castro, que deixará o poder dentro de alguns dias.  

Segundo o jornal francês, a cúpula estava "amaldiçoada" há vários dias. Por pouco o encontro não foi anulado, em decorrência da destituição do ex-presidente peruano por corrupção. Esta semana foram participantes confirmados que precisaram se ausentar por motivos variados. O último a entrar nessa lista é o equatoriano Lenín Moreno, que já estava em Lima para a cúpula, mas voltou a Quito ontem à noite após informações sobre a possível execução dos jornalistas equatorianos sequestrados na Colômbia por ex-integrantes ligados à antiga guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

De acordo com Les Echos, o cancelamento da participação de Trump esvazia a cúpula de resultados concretos. Por outro lado, o desamor do presidente americano pela região facilita o caminho para a China, cuja influência não para de crescer na América Latina, assinala o jornal francês.

Quanto à ausência de Nicolás Maduro, ela só reforça o isolamento do venezuelano e demonstra que a maioria dos dirigentes da região, agora de direita, não pretendem reconhecer o resultado da eleição presidencial antecipada marcada para 20 de maio no país.

No momento em que os escândalos de corrupção continuam a agitar a região - os exemplos mais recentes foram a destituição do líder peruano Pedro Pablo Kuczynski e a prisão de Lula -, Les Echos estima que o mais interessante na Cúpula das Américas será observar como os participantes presentes irão abordar a questão da corrução, uma vez que os acordos comerciais multilaterais deixaram a pauta.