Com cigarro mais caro, um milhão de franceses pararam de fumar em 2017
Para o governo, a diminuição drástica é explicada pelo aumento do preço do maço de cigarro, que teria provocado a redução, pela primeira vez em 17 anos, do consumo entre a população de baixa renda. Entre os menos favorecidos, a queda foi de 4%; já entre os desempregados a diminuição foi de 6%.
Mas o uso de substitutos como o cigarro eletrônico e o reembolso em tratamentos contra a dependência da nicotina também influenciaram no abandono do vício. A partir desse mês na França, por exemplo, certas marcas de chiclete e de adesivos com nicotina passaram a ser inteiramente reembolsados pelo governo.
Após um aumento de 2005 a 2010, o número de fumantes no país tinha estagnado até 2017. “Esses resultados são encorajadores, eles marcam uma próxima etapa”, declarou a ministra da Saúde Agnès Buzyn. “Com o aumento da fiscalização, podemos esperar que os resultados continuem bons”.
200 mortes por dia
Agnès Buzyn aproveitou a ocasião para convidar os franceses a “continuar essa luta muito importante contra uma das maiores falhas da saúde pública. Na França, o cigarro mata 200 pessoas por dia. Sabemos que um em cada dois fumantes morrerá por causa complicações ligadas ao tabaco”.
A ministra lembra que a França ainda tem muito o que conquistar nesse sentido. “Estava na Austrália há um mês e o maço lá custa € 27, é considerado um produto de luxo. E eles têm apenas 13% de fumantes”.
Menos fumantes na sociedade representa não somente um número de pessoas que abandonaram o hábito, mas também menos indivíduos que receberão estímulos para começar, sobretudo os mais jovens. “Entre os que menos fumam estão os estudantes, o que é encorajador”, revelou o diretor geral da Agência Nacional de Saúde Pública França, François Bourdillon.
A alternativa menos perigosa: o cigarro eletrônico
Uma tendência que não faz parte da política governamental, mas que influenciou na queda do número de fumantes, é o cigarro eletrônico, que virou moda entre os franceses. “Constatamos que o primeiro método de tratamento utilizado é o cigarro eletrônico”, afirma François Bourdillon.
De acordo com Saúde Pública França, o uso dos aparelhos eletrônicos permanece estável: 2,7% dos adultos na França utilizaram o produto em 2017, mesmo número que em 2016. Mas o governo não admite facilmente a ajuda do cigarro eletrônico na luta contra o vício. “Um dispositivo como esse, que não induz à abstinência completa, não é o que desejamos”, afirmou Agnès Buzyn.
No dia 31 de maio será celebrado o dia mundial sem cigarro. De acordo com a Organização da Saúde, o tabaco mata mais de 7 milhões de pessoas por ano, incluindo cerca de 900.000 fumantes passivos.
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