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Macron aceita discutir reforma da OMC para conservar multilateralismo

31/05/2018 10h03

Os Estados Unidos devem anunciar nesta quinta-feira (31) a imposição de tarifas alfandegárias nas importações de aço (25%) e alumínio (10%) ...

O jornal Le Figaro entrevistou o ministro do Comércio de Trump, Wilbur Ross. Ele considera a OMC ineficaz, mas diz estar aberto à discussão. Enquanto a Casa Branca se retira pouco a pouco dos acordos internacionais, Macron defende o multilateralismo, aceitando, no entanto, rever as regras da concorrência internacional.

Le Figaro diz em seu editorial que o diagnóstico americano sobre a OMC não está totalmente errado. O livre comércio trouxe benefícios à globalização, tirando milhares de pessoas da pobreza, mas outros sofreram com a precarização generalizada do trabalho. Esta distorção elegeu Trump nos Estados Unidos e alimenta os movimentos populistas e antissistema na Europa. Mas o que eles não dizem, afirma o diário conservador, é que o protecionismo é uma ilusão. "O fechamento de fronteiras e a criação de barreiras comerciais vão causar ainda mais estrago, destaca o editorial.

Le Figaro se diz favorável à uma revisão das regras da concorrência internacional, como propôs Macron na quarta-feira (30) durante um fórum na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

"Capitalismo humano e social"

Les Echos destaca o trecho do discurso de Macron quando ele disse que o nacionalismo não é a boa resposta ao crescimento das desigualdades. O líder francês elege três frentes de combate: a prosperidade isolada de alguns países, o protecionismo e a tentação de um poder forte, notando que nos países emergentes os governos estão cada vez mais autoritários. A OMC pode e deve ser reformada, declarou Macron, propondo aos Estados Unidos, à China, ao Japão e à União Europeia que cooperem nessa reforma.

Além do comércio, um multilateralismo forte deve também abranger as regras fiscais. Macron voltou a dizer que é inaceitável que gigantes das novas tecnologias não cooperem para financiar os bens comuns, ainda mais quando essas empresas contribuem para o desaparecimento dos empregos. "O capitalismo contemporâneo deve ser mais humano e social", defendeu o presidente francês.