Maior parque de Londres espera 30 mil pessoas para Inglaterra x Croácia
Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres
“Football is coming home”. “O futebol está voltando para casa”. O refrão da canção Three Lions, composta quando a Inglaterra foi sede da Eurocopa, em 1996, não para de ser entoado nas rádios, nas ruas e nas redes sociais em todo o Reino Unido desde que a seleção inglesa derrotou a Colômbia nos pênaltis nas oitavas-de-final, há pouco mais de uma semana.
Aquela foi a primeira vez que os ingleses venceram uma disputa por pênaltis numa Copa do Mundo, o que serviu para fazer o país se encher de confiança e começar a sonhar com erguer a taça no próximo domingo (15). Um feito que a Inglaterra – o país onde nasceu o futebol – só conquistou uma vez, em 1966, quando sediou o maior torneio do esporte.
Nação rachada pelo Brexit
As conquistas da seleção inglesa nesta Copa do Mundo parecem finalmente unir uma nação rachada desde o referendo pelo Brexit, em 2016. Políticos e ativistas dos dois lados continuam trocando farpas, mas são só elogios à equipe comandada pelo técnico Gareth Southgate.
Na última segunda-feira (9), o ministro do Exterior, Boris Johnson, e o ministro para o Brexit, David Davis, renunciaram, estremecendo a liderança da primeira-ministra Theresa May. Enquanto isso, o país se prepara a polêmica visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que aterrissa em Londres na quinta-feira (12) em meio a uma série de manifestações. Em um período tão conturbado, os ingleses estão encontrando no futebol uma maneira de extravasar as tensões e de recuperar o orgulho nacional.
30 mil pessoas no Hyde Park
A Federação Inglesa de Futebol (Football Association) estima que mais de 10 mil torcedores viajaram até Moscou nos últimos dias para assistir ao jogo desta quarta-feira contra a Croácia. Em Londres, o Hyde Park, o maior parque do centro da cidade, abrigará um telão gigante e espera um público de 30 mil pessoas.
Outras cidades inglesas também estão se preparando para receber uma multidão nas ruas e nos tradicionais pubs. Em Liverpool, a mesquita de Abdullah Quilliam, a primeira mesquita a ser fundada no país, abrirá suas portas para fiéis muçulmanos e de outras religiões que queiram assistir à partida juntos.
Benefícios para a economia
Economistas acreditam que a febre do futebol, aliada a uma inusitada onda de calor que já dura mais de duas semanas, será uma bem-vinda injeção de ânimo na economia britânica, castigada desde o voto pelo Brexit. Segundo o Centro para Pesquisas de Varejo, uma think tank, o aumento no consumo pode atingir 2,7 bilhões de libras se a Inglaterra chegar à final da Copa.
Os setores mais beneficiados devem ser os de alimentos, bebidas, restauração, eletrônicos e artigos esportivos. A famosa rede de lojas Marks & Spencer vendeu todo seu estoque de coletes azul-marinho idênticos ao que é usado por Gareth Southgate durante os jogos.
O técnico e os jogadores ingleses, que chegaram à Rússia praticamente desconhecidos dos torcedores, também devem se beneficiar da excelente campanha no torneio. O capitão e principal artilheiro da equipe, Harry Kane, que dias antes da Copa ganhava 100 mil libras por semana jogando no Tottenham Spurs teve seu contrato renovado e o salário dobrado. O valor não chega a um terço do que Neymar fatura no Paris Saint-Germain, nem se aproxima dos mais bem-pagos da Premier League inglesa, mas há rumores de que o passe de Kane pode superar as 200 milhões de libras de que o Real Madrid estaria interessado no jogador, agora que o ídolo Cristiano Ronaldo fechou com a Juventus.
Casas de apostas
A confiança e a esperança dos ingleses de chegar à final e bater a França só não se traduziu nas tradicionais casas de apostas. Por enquanto, com a Croácia ainda no páreo, a Inglaterra é a segunda favorita para vencer o torneio, atrás da França.
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