"O ódio os guiou", diz Raí à revista L'Équipe sobre a eleição de Bolsonaro no Brasil
Segundo o periódico esportivo francês, o ex-capitão emblemático do PSG analisa com uma “certa amargura” o sucesso do candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro, eleito presidente do Brasil, em entrevista publicada nesta quarta-feira (31).
“Primeiro triste, depois com medo”: para a revista francesa L’Équipe, especializada em esportes, “Raí nunca havia reagido desta maneira após uma eleição presidencial”. Segundo o periódico, o ex-jogador do PSG, atualmente director do clube São Paulo FC, concordou em comentar a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil. “Mesmo se ele não exonera os erros da esquerda, Raí convoca uma mobilização geral de seu país para defender os “valores democráticos em perigo”.
Durante a entrevista, Raí afirma que foi votar “com convicção”, escolhendo a opção com a qual se identificava. “Eu estava preocupado, mas tinha uma pequena esperança. (...). Depois do resultado, fiquei triste e tive muito medo vendo as reações das pessoas que celebravam a vitória de um candidato que já manifestou valores absurdos e repugnantes”, declarou.
Para o jogador, este será um “grande teste para nossa democracia”. “A revolução passa frequentemente pela resistência. Vocês, nós, os franceses, conhecemos bem isso. A onda Bolsonaro é o resultado de uma onda mundial em direção à extrema direita”, disse o ex-capitão do PSG à revista.
Para Raí, a eleição de Bolsonaro foi, mais do que uma vitória da direita, uma “derrota da esquerda”. “Talvez nós devamos reinventar uma nova revolução humanista, sem perder a essência de sua ideologia”, afirmou.
Traídos
Quando perguntado por L’Équipe por que quase 60 milhões de brasileiros votaram em um candidato considerado racista, sexista e homofóbicos, Raí responde que “existem também milhões e milhões de brasileiros que se sentiram traídos”. “Essa sensação provocou uma vontade terrível de mudança, às vezes guiada pelo ódio. (...) Precisamos procurar um novo modelo de esquerda que seja eficaz e que nos represente. Precisamos também de novos líderes”, diz.
Para Raí, o futebol é “um reflexo da sociedade. Em especial, de seu lado conservador e desconfiado”. Segundo ele, nenhum jogador brasileiro se posicionou contra Bolsonaro por causa de “uma falta de cultura, de cultura política também”.
Por que não há jogadores que se posicionam contra Bolsonaro?, pergunta a revista. “Eles não se exprimem não por ceticismo, mas porque eles têm medo da agressividade do público e porque eles se sentem em minoria no meio do futebol”, afirma Raí.
Questionado sobre como seu irmão, Sócrates, teria reagido à onda de extrema direita, Raí responde que ignora como ele teria reagido, mas que ele teria feito “com força e vigor”. “Ele foi e sempre será um mito, uma inspiração para a democracia e a liberdade", disse Raí à reportagem da revista L'Équipe.
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