Orquestra jovem da Bahia encanta franceses nos Alpes
A Orquestra Santo Antônio, de Conceição de Coité, na Bahia, dirigida pela regente Dianara de Almeida Ramos, esteve pela primeira vez em Briançon, nos Altos Alpes franceses. Nesta sexta-feira (30), os jovens baianos venceram o frio e se juntaram a Orquestra Sinfônica du Briançonnais. O concerto, realizado em uma igreja, foi diversificado e contou com músicas do repertório clássico e brasileiras, entusiasmando o público francês que aplaudiu o espetáculo durante vários minutos.
A Orquestra Santo Antônio, de Conceição de Coité, na Bahia, dirigida pela regente Dianara de Almeida Ramos, esteve pela primeira vez em Briançon, nos Altos Alpes franceses. Nesta sexta-feira (30), os jovens baianos venceram o frio e se juntaram a Orquestra Sinfônica du Briançonnais. O concerto, realizado em uma igreja, foi diversificado e contou com músicas do repertório clássico e brasileiras, entusiasmando o público francês que aplaudiu o espetáculo durante vários minutos.
Enviado especial a Briançon.
“A música mudou literalmente a minha vida. Se não fosse pelo projeto social de dona Maria Valdete eu não poderia nem em sonhar estar aqui”. Anderson Oliveira Silva era apenas um menino quando começou a frequentar o projeto social Santo Antônio. Hoje, tem orgulho de ensinar aos mais novos tudo que aprendeu. “No início eu não queria tocar. Com o tempo, comecei a gostar, e nesta brincadeira, já são seis anos tocando violoncelo. Hoje virei monitor e passo o que eu aprendi para os outros meninos”, conta ele.
Dona Maria Valdete, citada logo nas primeiras palavras de Anderson, fundou a orquestra Santo Antônio há dez anos. “Eu nunca fui musicista, mas eu tinha um grande sonho de realizar um projeto de música na minha cidade. Tenho um irmão que mora nos Estados Unidos. Lá, fizemos uma feijoada e arrecadamos o suficiente para comprar os primeiros instrumentos musicais”, conta Maria Valdete.
Trabalho voluntário
“Nós iniciamos com 20 crianças, hoje são mais de 150 jovens. Temos um teatro e 16 salas de aula de música. Trabalhamos de forma voluntária, com ex-alunos que são agora monitores e estão fazendo faculdade. É um grande sonho que se tornou realidade”, diz Valdete, com os olhos brilhando.
A vinda a Briançon só aconteceu graças a Fernando Lima de Albuquerque, brasileiro, professor do conservatório da cidade, e que conheceu Maria Valdete durante um festival em Fortaleza. Foi assim que as primeiras conversas aconteceram. “Cheguei em Briançon em 2003 e pra mim sempre foi uma evidência tentar criar uma ponte entre a França e o Brasil. Nós temos, por exemplo, um projeto de intercâmbio com o estado do Ceará, com alunos que chegam aqui para estudar durante um ano. Desde 2006, 40 jovens cearenses estiveram por aqui. Professores franceses também viajam para Fortaleza e foi assim, com esse contato forte entre nós e o Ceará, que acabamos conhecendo a orquestra Santo Antônio, que também estava participando de um festival”, explica Fernando.
Frio e muita neve
O principal choque na chegada a Briançon não foi cultural, mas climático. “Quando nós chegamos estava nevando muito. Nós nunca tínhamos visto neve então foi uma grande surpresa para gente. Quando descemos do ônibus, era aquele frio congelante que não dava para se segurar. Até para tirar fotos, era correndo, batendo a foto com o celular, rapidinho, e botando a luva de volta”, conta Dianara de Almeida Ramos, que dirige a orquestra.
E se no frio a mão tremia, dentro da igreja, na hora do concerto, o gesto foi firme e preciso do começo ao fim. O primeiro ato foi 100% brasileiro, com músicas de Luiz Gonzaga (Sabiá, Xote das meninas, Xodó), Sivuca (Feira de Mangaio), Gilberto Gil (Esperando na janela) e Jarbas Maciel (A pedra do reino).
Surpresa ficou para o final
No segundo ato, a Orquestra Sinfônica du Briançonnais se juntou aos brasileiros, e dirigida pelo maestro Dominique Togni, optou por Allegro Vivo de Georges Bizet. Para a última canção, uma surpresa. A música “Mourão”, de César Guerra Peixe, foi tocada com dois arranjos diferentes. Um mais clássico e outro mais agitado, dirigido por Dianara de Almeida Ramos.
O comportado público francês, que não chegou a levantar e dançar mas acompanhava o ritmo com os ombros, aplaudiu cada música. Na saída, era possível notar o sorriso estampado no rosto de cada espectador. “Foi realmente magnífico. O ritmo, a vibração, e compartilhar tudo isso com os franceses, foi realmente lindo”, disse uma senhora. “Essa troca de culturas é uma forma de reconciliação com a humanidade. Já estive em dezenas de concertos desse tipo e nunca me canso, é maravilhoso”, concluiu o aposentado Raymond.
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