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"Coletes amarelos" lançam aplicativo e prometem novas manifestações

18/01/2019 18h33

Os "coletes amarelos" prometem um Ato 10 neste sábado (19), em mais um fim-de-semana de grande mobilização na França. A novidade é a chegada de um aplicativo para smartphone dedicado a auxiliar os manifestantes nos protestos, oferecendo contagem do número de participantes. Em breve, a plataforma também disponibilizará carona compartilhada e hospedagem.

Os “coletes amarelos” prometem um Ato 10 neste sábado (19), em mais um fim-de-semana de grande mobilização na França.

Em seus dez “atos”, a mobilização dos “coletes amarelos” evoluiu, perdeu fôlego, e finalmente reganhou energia nos últimos protestos. Em comum, todas as ações têm o fato de que o uso da internet e das redes sociais foi indispensável. Para contribuir ainda mais, foi criado o aplicativo GJ-France, que propõe uma melhor maneira de organizar as manifestações.

Desenvolvido sem fins lucrativos, o aplicativo vem com o botão “Estou mobilizado!”, que facilitará a tarefa de contabilizar o número de participantes nas ações. E, em breve, a plataforma deverá também permitir o acesso a caronas compartilhadas para quem precisar viajar para os protestos, além de oferecer possibilidades de hospedagem nas diversas localidades da França.

“Este aplicativo foi desenvolvido por ‘coletes amarelos’ voluntários. Ele será seu companheiro ideal durante as manifestações”, diz a apresentação da plataforma no Google Play, onde ela está disponível para telefones com o sistema operacional Android. Uma versão para iOS deverá ser lançada nas próximas semanas.

“Ao utilizar diariamente esse aplicativo, você poderá indicar quando estiver mobilizado com os ‘coletes amarelos’. Isso permitirá uma melhor apresentação dos dados aos jornais, além de propor uma fonte alternativa ao ministério do Interior”, continua o texto no Google Play. “Não hesitem em compartilhar a aplicação nas redes sociais. Quanto mais numerosos nós formos, mais nossas informações vão se aproximar da realidade dos protestos”.

Franceses temem mais violência

Enquanto isso, parte da sociedade francesa afirma sentir “medo” da escalada nas violências cometidas por alguns manifestantes. De acordo com uma sondagem do instituto Odoxa, publicada nesta sexta-feira, 61% das mais de 1.000 pessoas entrevistadas afirmaram ter um “sentimento de insegurança”. Eles também são 83% a acreditar que as grandes manifestações serão acompanhadas, sistematicamente, de degradações e vandalismos e 81% a pensar que haverá confronto com a polícia.

Mas eles parecem compreender a raiva dos “coletes amarelos”, já que 70% estimam que Emmanuel Macron “representa mal a autoridade do Estado”. Além disso, 65% têm a mesma opinião sobre o primeiro-ministro, Edouard Philippe, e 71% pensam de forma igual quanto ao ministro do Interior, Christophe Castaner.

As medidas anunciadas por Edouard Philippe, entretanto, agradou a maioria dos entrevistados: 85% aprovam a ideia de uma nova lei “antivândalos”, 76% a criação de um registro para os manifestantes violentos e 70% a instauração de sanções penais para aqueles que escondem o rosto durante as ações.

Diversos protestos em Paris e no resto da França

Para o sábado, a previsão é de que a mobilização comece a partir das 11h na esplanada de Invalides, onde se concentram diversos monumentos nas proximidades, incluindo a Torre Eiffel. O percurso oficial não foi indicado na página “A França Com Raiva”, de Eric Drouet, uma das principais figuras dos “coletes amarelos”, mas há a possibilidade de que eles sigam em direção ao 13° distrito, onde fica a Place d’Italie. Outras páginas no Facebook organizam manifestações alternativas, como “Ato 10: os ‘coletes amarelos’ triunfarão”, que propõe um encontro na Praça da Bastilha às 9h.

Outros grupos se organizam no resto da França, como é o caso de Lille, no norte, Marselha, no sul, e Rennes, que fica a algumas horas de Paris. Maxime Nicolle, outro “colete amarelo” conhecido, estará em Toulouse. “É importante ir em todas as partes da França, para encontrar as pessoas”, disse ao site FranceInfo. “A mobilização não para de crescer e é preciso que ela seja o menos violenta possível”, afirmou.