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Diante de protestos, premiê do Líbano apoia projeto de eleições antecipadas

21/10/2019 14h22

O primeiro-ministro libanês Saad Hariri afirmou nesta segunda-feira (21) que apoia a convocação de eleições antecipadas, uma das reivindicações dos manifestantes que tomaram as ruas do país nos últimos dias. O chefe do governo também anunciou a aprovação de uma série de reformas.

"Nós escutamos. Se o seu pedido é de eleições parlamentares antecipadas (...) eu, Saad Hariri, estou com vocês neste pedido", disse o premiê. A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva após uma reunião de gabinete na qual aprovou uma série de reformas para 2020.

O chefe do governo prometeu "um orçamento para 2020 sem impostos adicionais para a população", uma queda de 50% nos salários do presidente e ex-presidentes, dos ministros e deputados, e novos impostos para os bancos.

No entanto, Hariri disse que as medidas não foram adotadas com o intuito de acabar com os protestos. "Não se trata de moeda de troca", insistiu o premiê. "O governo não pretende pedir que parem de protestar e expressar sua indignação", completou.

Protestos continuam no Líbano

Mas as medidas não parecem ter acalmado a população. Apesar dos anúncios do governo, antes mesmo das declarações de Hariri manifestantes bloquearam novamente avenidas em todo o país. Bancos, universidades e escolas permaneceram fechados nesta segunda-feira.

A convocação para os protestos também é cada vez mais intensa nas redes sociais. Expressões como #Lebanonprotest ganham cada vez mais seguidores no Twitter.

Os libaneses expressam irritação com a crise econômica em um país onde a dívida pública alcança mais de US$ 86 bilhões de dólares, ou seja, mais de 150% do PIB. Nos últimos anos, a vida cotidiana dos libaneses passou por uma intensa degradação, com a interrupção frequente do fornecimento de água e energia elétrica, 30 anos depois do fim da guerra civil (1975-1990).

O movimento nasceu de forma espontânea na quinta-feira (17), após o anúncio de uma tarifa para as ligações feitas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. A medida causou revolta e foi cancelada por pressão das ruas.

No dia seguinte, o primeiro-ministro deu prazo de 72 horas a sua frágil coalizão para que apoie suas reformas bloqueadas pelas divisões políticas. Mas o discurso foi interpretado pelos manifestantes como uma tentativa de salvar a classe política.

(Com informações da AFP)