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Com chegada do Ano Novo no país, China teme epidemia de novo vírus respiratório

20/01/2020 10h53

O presidente chinês, Xi Jinping, disse nesta segunda-feira (20) que o novo vírus que matou três pessoas e contaminou mais de 200 no país deve ser "completamente controlado". Esta foi a primeira reação pública do chefe de Estado chinês sobre o caso.

Em declarações à televisão estatal CCTV, Xi afirmou que "a segurança da vida da população e sua saúde física é uma prioridade". O temor é que o vírus, que provoca pneumonia, possa gerar uma epidemia durante as férias do Ano Novo chinês, que começa nesta semana. A China confirmou nesta segunda-feira (20) o terceiro caso fatal provocado pelo microrganismo. "Neste período de férias, é crucial realizar um bom trabalho em termos de prevenção e controle epidemiológicos", declarou Xi Jinping, em referência ao aumento das viagens no período.

A síndrome respiratória, detectada pela primeira vez no início em dezembro em um mercado de Wuhan, no centro da China, já chegou ao Japão, à Tailândia e à Coreia do Sul. Duzentos e vinte e um casos foram detectados, sendo 217 em território chinês. Pela primeira vez, novos pacientes foram diagnosticados fora de Wuhan: cinco em Pequim e 14 na província de Guangdong, no sul, perto de Hong Kong. Por conta da velocidade da propagação da doença neste fim de semana, Xi Jinping precisou sair do silêncio, de acordo com o correspondente da RFI em Pequim, Stéphane Lagarde.

Os sintomas são similares ao de uma gripe: febre, tosse e dificuldades respiratórias. As duas pessoas contaminadas na capital estão em observação no hospital e o estado delas é considerado estável. Ambas tinham viajado para Wuhan. Neste domingo (19), as autoridades sanitárias chinesas afirmaram que a epidemia pode ser evitada e está "sob controle", sem descartar, entretanto, a possibilidade de uma mutação do vírus. A cepa do microrganismo ainda não foi identificada.

Camboja se prepara para a epidemia

O Camboja, país vizinho da Tailândia, também se prepara para enfrentar uma hipotética epidemia, como explica a correspondente da RFI no país, Juliette Buchez. Ela foi às ruas de Pnhom Penh, onde conversou com a população. "Tenho uma reserva de máscaras de proteção. Honestamente nunca usei, mas desde que estou ouvindo falar desse vírus, tenho usado", diz Sokleap, que trabalha em uma casa de câmbio, no centro histórico da cidade.

O vírus também preocupa Veasna, um professor de 48 anos. "Os chineses gostam do Camboja e vêm bastante para cá", afirma. "Mas não temos como saber se eles estão em boa saúde. Não podemos controlar todo mundo." Sete voos diretos semanais ligam Wuhan, onde apareceu a doença e as cidades de Siem Reap e Sihanokville, no Camboja, que recebeu dois milhões de chineses em 2018.

Detector de temperatura

Segundo o porta-voz do Ministério da Saúde, Ly Sovann, o país já instalou detectores de temperatura nos três principais aeroportos e nos postos da fronteira para controlar os passageiros que chegam ao Camboja. Para informar a população sobre o vírus, o Ministério lançou um número de telefone e pediu o reforço de recomendações básicas de higiene, como lavar as mãos com mais frequência, cobrir a boca na hora de tossir ou espirrar e evitar o consumo de carne crua.