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Tire suas dúvidas: produto fabricado na China transmite coronavírus?

28/01/2020 08h47

O medo de contrair o coronavírus chinês virou uma "psicose" na França, segundo farmacêuticos de várias regiões. Franceses e também chineses em viagem de turismo no país esgotaram os estoques de máscaras de proteção vendidas nas farmácias, relata nesta terça-feira (28) o jornal Le Parisien.

Para diminuir o estresse provocado pelo receio da epidemia, a imprensa francesa busca diariamente esclarecer as dúvidas mais frequentes sobre o novo tipo de coronavírus. Depois que a hashtag #AliExpress inundou o Twitter, com internautas questionando se havia risco de contrair o vírus manuseando um produto fabricado na China, comprada no site Alibaba, por exemplo, a rádio France Info consultou infectologistas para dimensionar o risco. Segundo a médica Anne Goffard, do hospital universitário de Lille e pesquisadora no Instituto Pasteur, essa probabilidade é remota.

 

Em Paris, onde foram registrados até agora apenas dois casos da pneumonia, de turistas chineses em visita ao país, cartazes nas portas das farmácias advertem que o estoque de máscaras de proteção está esgotado. O curioso é que as máscaras cirúrgicas encontradas no comércio sequer são úteis para se proteger do coronavírus, alerta a ministra da Saúde, Agnès Buzyn. De tecido fino, elas precisam ser trocadas a cada quatro horas e podem, na melhor das hipóteses, evitar o contágio do vírus da gripe sazonal, que atinge o país neste momento.

Mas a razão não conta nessa hora. Em Amiens, a 115 km ao norte de Paris, as máscaras também desapareceram das farmácias. Nenhum caso suspeito foi identificado na cidade. Porém, pessoas com viagens previstas nos próximos dias para países asiáticos fazem estoques de máscaras para levar o produto na mala, temendo não encontrar o artigo no exterior.

Perfil dos doentes

Os jornais Libération e Le Monde também respondem nesta terça-feira às perguntas frequentes sobre o coronavírus 2019-nCoV, que já matou mais de 106 pessoas na China, tem 4.500 casos confirmados no país e outros 50 no resto do mundo. Segundo as últimas descobertas dos cientistas, apesar de bem contagioso, o novo tipo de coronavírus seria menos letal do que o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que atingiu a China em 2003.

O jornal Le Monde afirma que o período de incubação, ou seja, entre a contaminação e a manifestação dos sintomas, pode variar de 6 a 14 dias, intervalo em que a pessoa permanece contagiosa. Os principais sintomas são febre, tosse e vias respiratórias congestionadas.

Por enquanto, ainda não existe tratamento nem vacina contra a doença. Pesquisadores em todo o mundo testam, no entanto, antirretrovirais usados no combate à Aids e até em pessoas contaminadas pelo Ebola, para verificar se podem ser úteis contra o coronavírus.

O perfil dos doentes ganhou destaque no jornal Libération. Dos 40 primeiros mortos registrados na China, 35 pessoas tinham mais de 60 anos e média etária de 70 anos. Ao menos dez pacientes sofriam de outras doenças, como hipertensão, diabete, síndrome de Parkinson ou doenças cardíacas. A vítima mais jovem tinha 36 anos. As pessoas portadoras de doenças crônicas, com baixa imunidade, são mais vulneráveis ao coronavírus.