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EUA e Talibã se reúnem no Qatar para assinatura de acordo histórico

Um avião das Forças Armadas dos EUA caiu no Afeganistão em área parcialmente controlada pelo Talibã - Stringer via Reuters
Um avião das Forças Armadas dos EUA caiu no Afeganistão em área parcialmente controlada pelo Talibã Imagem: Stringer via Reuters

29/02/2020 08h46

O secretário de Estado americano Mike Pompeo está em Doha no Qatar, onde participa neste sábado (29) da assinatura de um acordo histórico entre os Estados Unidos e o Talibã, que deve marcar a partida gradual das tropas americanas baseadas no Afeganistão.

"Estamos à beira de uma oportunidade histórica de paz", disse Pompeo.

Zalmay Khalilzad, o diplomata americano que lidera os esforços de paz no Afeganistão, e Abdul Ghani Baradar, líder político do Talibã que lidera a equipe de negociação dos insurgentes, são os dois principais atores nas negociações que já duram um ano e meio.

O acordo prevê que os Estados Unidos deverão reduzir as tropas de 13 mil soldados presentes no Afeganistão para 8.600 militares, nos próximos meses, em troca da garantia de que o país não vai se tornar um refúgio para grupos terroristas.

Segundo observadores internacionais, a medida é um primeiro passo para encerrar a guerra mais longa da história americana e representa uma importante virada diplomática: o fim do intervencionismo dos Estados Unidos em todo o mundo.

O presidente Donald Trump pediu na sexta-feira (28) que os afegãos "aproveitem a chance de paz". "Se o Talibã e o governo afegão conseguirem cumprir seus compromissos, teremos um caminho claro para acabar com a guerra no Afeganistão e levar nossos soldados para casa", disse o presidente.

"Há muita especulação sobre o conteúdo do acordo", diz Andrew Watkins, da organização internacional de prevenção de conflitos International Crisis Group. "Conhecemos as principais linhas, mas nem sabemos ao certo se todos os termos do acordo serão tornados públicos", acrescentou.

"Hoje é apenas um passo preliminar para o início desse processo, ainda não é motivo de comemoração para o governo e seus aliados", concluiu Watkins.

Promessa de campanha

Esboços do plano são conhecidos desde setembro, quando a assinatura iminente do acordo foi abruptamente cancelada por Donald Trump, após a morte de um soldado americano em mais um ataque em Cabul.

Desta vez, os dois lados concordaram em um período de uma semana de "redução da violência", que termina neste sábado.

A menos que haja um incidente de última hora, os negociadores americanos, assinarão este pacto que Donald Trump poderá reivindicar na campanha por sua reeleição, dizendo que cumpriu uma de suas principais promessas: terminar a guerra mais longa dos Estados Unidos.

Entre 32.000 e 60.000 civis afegãos foram mortos no conflito, segundo a ONU, e mais de 1.900 militares dos EUA.

Apesar das críticas de alguns observadores de que os Estados Unidos concedem demais por muito pouco, o governo Trump afirma que as garantias fornecidas pelos insurgentes respondem ao principal motivo da intervenção americana, lançada em retaliação aos ataques de 11 de setembro de 2001.

Washington insiste, no entanto, em garantir que a retirada seja gradual e condicional ao cumprimento dos compromissos do Talibã.

Em Cabul, a população está dividida entre a esperança e a desconfiança.