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Minoria muçulmana faz trabalho escravo na China para fornecedores de Apple, Lacoste e BMW

04/03/2020 17h31

Um relatório divulgado esta semana pelo Instituto australiano de estratégia política (ASPI na sigla em inglês), denunciou a prisão de mais de 80 mil membros da minoria muçulmana uiguri. Segundo o documento, eles estariam sendo obrigados a trabalhar em condições de escravidão em fábricas que fornecem produtos para grandes marcas mundiais.

Apple, Sony, Samsung, Microsoft, Nokia, BMW, Mercedes e Jaguar são apenas algumas das cerca de 80 empresas acusadas de terem assinado, direta ou indiretamente, contratos com fornecedores chineses que estariam usando mão-de-obra escrava. Marcas de moda, como Adidas, Lacoste, Nike, Uniqlo, Gap ou Puma também fazem parte da lista.

Várias empresas citadas reagiram imediatamente às acusações. "Nenhum dos fornecedores citados trabalha diretamente para a Volkswagen", declarou a montadora alemã. Já a compatriota BMW disse "não poder comentar o conteúdo do relatório", mas garantiu que seus prestadores de serviços "devem aplicar as mesmas regras com seus próprios fornecedores". A Apple disse que "todos em sua linha de produção são tratados com dignidade e respeito". No entanto, muitas empresas mencionadas afirmaram apenas que não podem controlar as condições de trabalho de todos os seus fornecedores terceirizados.

Segundo o relatório, intitulado "Uyghurs for sale" (uigures à venda), as fábricas denunciadas funcionam graças ao trabalho de uigures que foram detidos por Pequim.

Minoria perseguida

Os uigures são uma minoria muçulmana perseguida na China, acusada pelo governo de incitar uma forma de separatismo e extremismo religioso no país. Após serem presos, eles geralmente são transferidos para os chamados "campos de reeducação", apresentados pelo governo chinês como centros de formação profissional. Segundo as Nações Unidas, entre 20 e 30 milhões de muçulmanos uiguris já teriam sido levados para os campos que, de acordo com as organizações de direitos humanos, praticam o doutrinamento político.

Segundo o instituto australiano, cerca de 80 mil membros da minoria teriam sido detidos entre 2017 e 2019 na região de Xinjiang. Eles foram transferidos em seguida para outras zonas do país, entre elas Qindao (leste), onde foram obrigados a trabalhar nas fábricas denunciadas pelo ASPI.