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Efeito coronavírus: Bolsas mundiais e preço do petróleo despencam

09/03/2020 13h12

As Bolsas de Valores mundiais despencam nesta segunda-feira (9). Em Wall Street, o índice ampliado S&P 500 recuava 7%, o que provocou a suspensão das operações. A Bovespa também parou suas negociações por 30 minutos, depois de um recuo de mais de 10%. Os preços do petróleo têm sua maior queda desde a primeira Guerra do Golfo.

Os mercados britânico e alemão abriram com queda acima de 8% nesta segunda-feira, depois que os mercados asiáticos também abriram no vermelho, alguns registrando perdas similares às da crise de 2008. A Bolsa de Tóquio perdeu mais de 5%; a de Sydney, 7,3%, depois de diversas semanas no vermelho. Na Europa, Paris cai 6,40%, assim como Londres, Frankfurt (-6,43%), Madri (-6,29%) e Milão (-9,75%). Nesse ano, as grandes bolsas europeias perderam entre 18 e 20%.

Wall Street abriu com fortes perdas nesta segunda-feira, seguindo a tendência mundial de incerteza com a expansão do novo coronavírus e a queda do preço do petróleo, o que provocou a suspensão das negociações por 15 minutos. A Bolsa de Nova York abriu com forte queda de 5,83% do índice Dow Jones, e de 7,12% da Nasdaq, às 13h40 (10h40 no horário de Brasília). O índice ampliado S&P 500 recuava 7%, o que provocou a suspensão das operações para permitir um momento de respiro aos investidores.

Circuit break

Se o índice chegar a perder 13%, o 'circuit break' será acionado pela segunda vez por mais 15 minutos. No momento em que as operações foram suspensas, o Dow Jones Industrial Average perdia 7,3%, a 23.979,90 pontos, enquanto o índice tecnológico Nasdaq recuava 6,9%, a 7.987,44 pontos.

A Bolsa de Valores de São Paulo entrou em declínio acentuado nesta segunda-feira, exigindo uma suspensão das negociações por 30 minutos, motivada por uma queda de mais de 10%, devido ao pânico associado à queda do petróleo e às consequências econômicas do coronavírus.

Quando as atividades foram retomadas, por volta das 14h10 GMT, a queda se estabilizou em 10,01%, antes de cair abaixo de 10% (9,81%), dez minutos depois. As ações da Petrobras, as mais afetadas por essa apreensão do mercado acionário, perderam mais de 24%. O índice Ibovespa havia perdido mais de 8% na abertura e a queda aumentou para 10,2% meia hora depois, às 13h40 GMT. A Bovespa chegou a cair abaixo de 90.000 pontos pela primeira vez desde maio do ano passado.

O real também seguiu em forte desvalorização em relação ao dólar nesta segunda-feira, com o dólar sendo negociado perto de R$ 4,80, contra R$ 4,60 na sexta-feira (06).

Maiores quedas desde a Guerra do Golfo

Os preços do petróleo registraram sua maior queda nesta segunda-feira desde a primeira Guerra do Golfo, em 1991, caindo mais de 30% na Ásia. No comércio europeu, a queda foi um pouco mais limitada, com todos perdendo os mesmos 20%, com o barril sendo negociado bem abaixo de US$ 40.

A Bovespa já havia apresentado queda de mais de 4% na sexta-feira, com grandes prejuízos para as companhias aéreas em particular. E nesta segunda-feira a companhia aérea Gol perdeu mais 10% no valor das suas ações. O Brasil soma 25 casos confirmados de Covid-19, de acordo com o último relatório do Ministério da Saúde.

Desde o surgimento do novo coronavírus, em dezembro do ano passado, foram registrados 110 mil casos em 99 países e territórios, com mais de 3,8 mil mortes, de acordo com um balanço feito pela AFP a partir de fontes oficiais.

Restrições e multas

A epidemia do Covid-19 perturbou a vida de milhões de moradores de todo o mundo, com o fechamento de escolas, escassez de produtos essenciais e restrições aos horários para se deslocar. À medida que o vírus se expande, cresce o medo do seu impacto na economia, que pode entrar em recessão.

O governo italiano ordenou restrições a mais de 16 milhões de pessoas, 25% da população, incluindo os moradores de Milão e Veneza, uma medida semelhante à adotada pela China, onde surgiu a epidemia de Covid-19.

O Egito anunciou no domingo a primeira morte por coronavírus, um alemão de 60 anos. Um navio de cruzeiro com 171 passageiros (101 destes estrangeiros) foi evacuado em Luxor (no sul do país) depois que 45 casos foram detectados a bordo.

Ao mesmo tempo, o Irã anunciou 43 novas mortes nesta segunda-feira, e a companhia aérea estatal Iran Air suspendeu seus voos para a Europa. Na China e na Coreia do Sul, as medidas tomadas para conter a epidemia parecem começar a funcionar. A China informou sobre o fechamento da maioria dos hospitais provisórios que o governo abriu para tratar os infectados por coronavírus em Wuhan, onde a epidemia surgiu, já que o número de novos casos é menor a cada dia.

A Comissão Nacional de Saúde chinesa registrou 40 novos casos em todo o país, o número mais baixo desde o início da coleta de dados, em janeiro. A Coreia do Sul, o segundo país do mundo em número de casos depois da China, registrou 248 novos casos no domingo (o menor aumento em duas semanas), elevando o total para 7.382.

Plano "perfeitamente coordenado" nos EUA

Nos Estados Unidos - um país que está emergindo como um possível novo foco do vírus - pelo menos 21 pessoas morreram e o número de casos disparou, e mais de 500 já foram registrados.

Políticos republicanos indicaram que podem ter contraído o vírus. O senador republicano Ted Cruz anunciou que permanecerá em quarentena em sua residência no Texas, depois de ter apertado a mão de uma pessoa infectada na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), perto de Washington, no mês passado.

O cruzeiro "Grand Princess", com capacidade para 3,5 mil pessoas e com 21 infectadas a bordo, deve atracar em Oakland nesta segunda-feira. Trump afirmou que as pessoas teriam que permanecer a bordo do navio, mas o secretário da Habitação, Ben Carson, assegurou que, quando o navio atracar, será realizado um plano, que não foi detalhado.

Acusado de difundir informações falsas desde o começo do surto, Trump acusou a imprensa de desprestigiar o governo. "Temos um plano perfeitamente coordenado e ajustado na Casa Branca para nosso ataque contra o coronavírus", tuitou.