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Crianças são vetores de propagação do coronavírus e devem evitar contato com idosos

13/03/2020 13h36

As crianças são menos afetadas pelo novo coronavírus por razões ainda desconhecidas pelos cientistas, mas são vetores da doença, segundo um estudo conjunto feito entre a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o governo chinês.

Este é um dos motivos que levou a França a decretar o fechamento de todas as escolas do país, mas o presidente do Sindicato União Francesa por uma Medicina Livre, Jérôme Marty, lembra que as crianças não devem ser cuidadas por idosos, como avôs ou avós - a população que mais tem risco de desenvolver formas graves do Covid-19.

"Fechar as escolas é muito importante porque as crianças se contaminam entre elas e depois propagam a doença. Por outro lado, o ideal é que elas evitem o contato com pessoas mais velhas e não fiquem com seus avôs e avós, por exemplo", disse Marty em entrevista à RFI Brasil.

A infectologista brasileira Otília Lupi, que vive na França, concorda com o médico francês. "As crianças com as avós é um tiro no pé. Vão transmitir mesmo assintomáticas", diz. Ela acrescenta que as crianças francesas, em período de epidemia, deveriam evitar de encontrar com outras crianças.

Adotando medidas drásticas, a França espera conter o vírus e evitar a situação vivida na Itália, onde os hospitais estão saturados e os médicos não podem atender todos os pacientes. A infectologista brasileira, que faz um estágio de observação no hospital Pitié Salpetrière, diz que o sistema hospitalar teve tempo para se preparar e o "impacto da suspensão das aulas será ajudado pela Primavera", afirmou em entrevista à RFI Brasil.

As crianças pegam o vírus, transmitem, mas poucas ficam doentes. De acordo com um relatório da missão conjunta China-OMS publicado no final de fevereiro, apenas 2,4% dos mais de 75.000 casos confirmados até agora na China eram menores de 18 anos. Apenas 2,5% desse total desenvolveram uma forma grave da doença e 0,2%, uma forma crítica.

Vírus foi achado em fezes de crianças

Em outro estudo publicado nesta sexta-feira na revista Nature Medicine, os pesquisadores estabeleceram que, entre quase 4.000 pessoas que estiveram em contato com uma pessoa doente, 3,5% dos adultos foram contaminados, mas apenas 1,1% das crianças. Das dez crianças que apresentaram resultado positivo, com poucos sintomas, o vírus foi encontrado em amostras fecais, mesmo após o desaparecimento por via aérea, o que levou os cientistas a considerarem a "possibilidade de transmissão oral-fecal".

Ainda há poucas explicações sobre as razões que levam as crianças a desenvolverem apenas sintomas leves. Várias hipóteses são consideradas."Para eles, toda infecção é uma infecção nova. Estão em contato com tantas doenças durante seus primeiros anos de vida que seu sistema imunológico é robusto e responde bem a esse novo vírus", justifica Nachman, especialista em infecções pediátricas.

(Taíssa Stivanin, da RFI Brasil e AFP)