Tarcísio chama indiciamento de Bolsonaro de 'narrativa que carece de prova'
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu Jair Bolsonaro (PL) e disse que o indiciamento do ex-presidente por suposta tentativa de golpe de Estado é "narrativa que carece de provas". Para ele, Bolsonaro respeitou o resultado das urnas de 2022.
O que aconteceu
Tarcísio saiu em defesa de Bolsonaro e pediu responsabilidade sobre "acusações graves como essa". "Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa", afirmou o governador em publicação na noite desta quinta-feira (21), no X (antigo Twitter).
Segundo Tarcísio, Bolsonaro "respeitou o resultado das eleições" em 2022. "A posse [de Lula] aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia", defendeu o governador.
Tarcísio falou em "trazer verdade à tona". "Que a investigação em andamento seja realizada de modo a trazer à tona a verdade dos fatos", destacou.
Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia. Que a?
-- Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) November 21, 2024
PF indiciou Bolsonaro, o general Braga Netto (PL) e mais 35 pessoas nesta quinta-feira (21). Eles são suspeitos dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
O relatório da investigação, de 884 páginas, foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal). O documento está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes sob sigilo e, segundo a Corte, o ministro deve encaminhá-lo para a PGR (Procuradoria-Geral da República) na próxima semana.
Pela primeira vez, um ex-presidente eleito no período democrático é indiciado como responsável por tramar contra a democracia no país. A reportagem tenta contato com a defesa dos indiciados (leia mais abaixo).
As investigações apontaram que os indiciados se estruturaram por divisão de tarefas. Isso teria permitido a "individualização das condutas e a constatação da existência de grupos", segundo a PF.
Entre os grupos, está o de desinformação e ataques ao sistema eleitoral e outro responsável por "incitar militares a aderirem golpe de Estado". Há também o núcleo jurídico, o operacional de apoio às ações golpistas, núcleo de inteligência paralela e núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas.
Bolsonaro responde por crimes que podem render até 28 anos de prisão. A PF indiciou o presidente por tentativa de abolir o Estado democrático de Direito (4 a 8 anos de prisão), tentativa de golpe de Estado (4 a 12 anos) e associação criminosa (3 a 8 anos).
Caso o ex-presidente seja condenado à pena máxima, ele pode, em tese, sair da cadeia após cumprir cerca de 4 anos e 7 meses. Isso, porque, a lei permite progressão de regime após conclusão de 1/6 da pena.
Transição conturbada
Apesar de Tarcísio alegar tranquilidade na transição de governo, semanas que antecederam a posse de Lula foram marcadas por tensão. Em 12 de dezembro de 2022, bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal em Brasília e incendiaram ônibus e carros que estavam na região. No mesmo dia, ocorreu a diplomação de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Na véspera do Natal de 2022, um artefato explosivo foi montado próximo ao aeroporto de Brasília. Um homem confessou a ação à polícia e disse que o objetivo era chamar a atenção de bolsonaristas para a vitória de Lula.
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Quero receberBolsonaro não passou a faixa presidencial para o petista. Ele viajou na noite de 30 de dezembro para os Estados Unidos, tornando-se o primeiro presidente do Brasil a terminar o mandato fora do país. Além dele, somente João Figueiredo (1979-1985) e Floriano Peixoto (1891-1894) não entregaram a faixa aos sucessores.
Em 8 de Janeiro de 2023, manifestantes que estavam acampamentos em Brasília promoveram ataques aos prédios do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto. Os golpistas, que haviam passado semanas acampados na porta de quartéis, não aceitavam o resultado das eleições e pediam intervenção militar.
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