Saiba por que abatedouros são os novos focos de Covid-19 na França e Alemanha
Um abatedouto no noroeste da Alemanha é o mais novo foco de coronavírus descoberto no país. Pelo menos 92 funcionários de uma unidade de corte de carne em Dissen, no estado da Baixa Saxônia (noroeste), testaram positivo para a Covid-19. A produção foi "suspensa" e os infectados foram "colocados em quarentena", assim como todas as pessoas que estiveram em contato com eles, informaram as autoridades alemãs nesta segunda-feira (18).
Em toda a Alemanha, a indústria frigorífica tem registrado números elevados de funcionários contaminados pelo coronavírus. O sindicato que representa a categoria (NGG) tem apontado as más condições de trabalho nesses estabelecimentos, bem como o recurso massivo a empresas estrangeiras terceirizadas para a contratação de mão de obra.
No início de maio, 183 pessoas haviam testado positivo para o novo coronavírus em Coesfeld, na Renânia do Norte-Vestfália, no oeste do país. Em abril, 300 funcionários, incluindo 200 cidadãos romenos, de um matadouro localizado na região da Renânia-Palatinado, a oeste, foram contaminados. Esses abatedouros empregam muitos trabalhadores da Europa Oriental que vivem em alojamentos precários e superlotados, o que facilita o contágio, além de trabalharem em condições de higiene questionáveis.
O ministro alemão do Trabalho, Hubertus Heil, deve apresentar nesta segunda-feira medidas para melhorar a regulamentação das condições de trabalho no setor. Ele planeja proibir a terceirização da mão de obra nos abatedouros alemães, de acordo com a imprensa local.
Além da Alemanha, os casos de contaminação nos matadouros estão causando crescente preocupação em outros países.
França: promiscuidade nos vestiários
Na França, mais de cem pessoas testaram positivo para o coronavírus no domingo (17), em dois "clusters" (agrupamentos de doentes) identificados em dois matadouros, um deles em Fleury-les-Aubrais, perto de Orléans (centro), e o segundo próximo de Saint-Brieuc (noroeste). Desde o início da epidemia, em março, dois frigoríficos da região da Bretanha (noroeste) e uma unidade de abate de aves na Vendée (oeste) tiveram empregados contaminados pelo vírus. Entretanto, diferentemente da Alemanha, a mão de obra nos matadouros franceses costuma ser de habitantes da região.
Até terça-feira (19), os 400 trabalhadores do abatedouro Tradival, em Fleury-les-Aubrais, passarão por testes de diagnóstico da Covid-19. A promiscuidade nos vestiários e a falta de higiene no local são apontadas como motivos prováveis da contaminação. As instalações foram interditadas por medida preventiva e consideradas "obsoletas" pelo representante do Estado na região, Pierre Pouessel. Além dos empregados, todas as pessoas ditas de "contato" dos infectados têm sido testadas.
Diante dos rumores de que a carne também estaria contaminada, a Agência Regional de Saúde do Vale do Loire esclareceu que não existe nenhuma advertência sanitária em relação às carnes processadas no local. "Trata-se de um contágio direto entre humanos e sem risco para os consumidores", disse o diretor Laurent Habert.
Nos Estados Unidos, o fechamento de abatedouros aumentou nas últimas semanas, após numerosos casos de contaminação. Na quarta-feira passada (13), um quarto agente encarregado de controlar a aplicação das regras de saúde nos matadouros americanos morreu após contrair a doença.
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