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Reino Unido vai impor quarentena de 14 dias para todos os estrangeiros que entrarem no país

03/06/2020 17h28

Na contramão dos outros países pelo mundo, o Reino Unido vai impor, a partir de segunda-feira (8), quarentena de 14 dias para todos os estrangeiros que entrarem no país. Quem não cumprir a determinação estará sujeito a multa de 1.000 libras (cerca de R$ 8,3 mil). A decisão foi alvo de críticas.

Correspondente da RFI em Londres

A medida causou insatisfação entre as companhias aéreas, desesperadas com a situação negativa das suas contas durante todo o período em que seus aviões estão no solo. A decisão de Londres também não agradou outros países, que, ao reabrir as suas fronteiras, não criaram restrições para britânicos.

O Reino Unido é hoje o país mais atingido pela Covid-19 na Europa, com quase 40 mil óbitos. Em outras nações, uma das primeiras medidas adotadas pelos governos foi justamente a de fechar as fronteiras para viajantes estrangeiros, o que não aconteceu neste país.

A jornalistas, nesta quarta-feira (3), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que, enquanto o nível de contaminação doméstica estava muito alto, as infecções que vinham de fora correspondiam a uma parcela pequena dos casos registrados no país, mas que, a partir de agora, podem fazer a diferença para desencadear uma segunda onda da doença. Ele reforçou o que disse mais cedo a ministra do interior, Priti Patel.

A ideia é que a restrição seja revista nas próximas três semanas. Especialistas não descartam mudanças nas regras antes mesmo de entrarem em vigor. Johnson falou em abrir, em breve, "corredores de viagens internacionais", o que deve significa o relaxamento das restrições para alguns países, sobretudo aqueles com menos incidência de casos de Covid-19, que sejam considerados seguros. O governo até agora não conseguiu anunciar uma lista de exceção, o que estava previsto até algumas semanas atrás.

O que fazem os vizinhos europeus

No resto da Europa, as fronteiras começam a ser reabertas, mas, por enquanto apenas para os membros da União Europeia (UE), ou nações que façam parte do espaço Schengen. Alguns países já o fizeram, como a Itália.

Os italianos voltaram a receber, a partir desta quarta-feira, turistas da UE e da Islândia, Liechtenstein, Noruega, Suíça, Andorra, Mônaco e San Marino. Haverá restrições se os viajantes destes países tiverem passado por outros lugares que não estejam na lista nos 14 dias anteriores a sua chegada em solo italiano. Também estão permitidas viagens internas entre os nacionais.

Portugal deve fazê-lo a partir do próximo dia 15. Em princípio, ficará fechada a fronteira para a Espanha, que ainda está sob quarentena. A Áustria, que deve seguir a mesma data de reabertura, já avisou que manterá restrições para quem vem da Itália, assim como da Suíça. Esta última abrirá suas fronteiras para Alemanha, França e Áustria no dia 15 de junho. A Grécia suspenderá as restrições a partir da mesma data. Mas viajantes vindos de países considerados de alto-risco, como o Reino Unido, terão de ser testados.

A Alemanha também deve reabrir as portas para os europeus a partir de 15 de junho, mas avisou que isso acontecerá desde que não haja restrições para a entrada dos seus cidadãos nestes países. O ministro de Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, afirmou que todos os europeus correspondem aos critérios, exceto a Noruega e a Espanha. E solicitou que os alemães não vão para o Reino Unido neste momento por causa da quarentena que será imposta aos estrangeiros a partir de 8 de junho.

A França também deve reabrir as fronteiras para os países europeus e da zona Schengen no próximo dia 15. Mas Paris já aprovou uma nova lei que permitirá impor quarentena sobre pessoas chegadas de um determinado grupo de países, se considerar necessário, até por razões de reciprocidade, o que deve ser o caso do Reino Unido. No início, o governo britânico chegou a falar em abrir uma exceção para os franceses e não impor a quarentena sobre quem desembarcasse no país vindo da França. Mas voltou atrás.

Portas fechadas para quem vem do Brasil

De todo modo, tudo indica que, em meio à guerra das fronteiras pós-Covid, em que países abrem para uns, e não para outros, ou em que cobram reciprocidade, o Brasil, com seus números assustadores de contaminações e mortes não terá as portas da Europa aberta por algum tempo. O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, disse que as fronteiras externas da UE devem permanecer fechadas depois de 15 de junho até que Bruxelas se manifeste sobre como os estados-membros devem proceder. O que se diz é que, para se proteger da ameaça de contaminação a partir de países considerados de alto-risco, a sugestão seja de prorrogar as restrições por mais 30 dias.

No último dia 25 de maio, os Estados Unidos suspenderam a entrada de viajantes chegados do Brasil. Vale lembrar que o governo brasileiro publicou uma portaria, que vem sendo renovada, e que impede, com exceções pontuais, a entrada de todos os estrangeiros em território nacional.