"O Líbano pode desaparecer" alerta chanceler francês
A França reiterou nesta quinta-feira (27) seu apelo pela formação rápida de um governo libanês e pela adoção de reformas urgentes no Líbano. Caso contrário, o país corre "o risco de desaparecer", alertou o ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian.
Em entrevista à radio RTL, o chanceler disse que as reformas necessárias para evitar o "desaparecimento" do Líbano não podem ser implementadas pela atual classe política do país, contestada pela população. "Eles se autofagocitam e chegam a um consenso sobre a inação. Dizemos alto e forte que isso não é mais possível", afirmou Le Drian.
A posição do chanceler francês reitera as declarações do presidente Emmanuel Macron durante visita a Beirute em 6 de agosto, dois dias apenas após a gigantesca explosão que destruiu a região portuária da capital libanesa. Segundo Le Drian, o presidente da República vai voltar a bater na mesma tecla quando voltar a Beirute na próxima terça-feira (1°).
"Todo mundo sabe o que deve ser feito, mas não há governo neste momento no Líbano", continuou o chefe da diplomacia francesa. O primeiro-ministro libanês Hassan Diab e sua equipe pediram demissão, pressionados pelas críticas após a dupla explosão no porto de milhares de toneladas de nitrato de amônio. A tragédia deixou cerca de 180 mortos e devastou vários bairros da capital.
Contexto de paralisação política
Duas semanas após a demissão do governo Diab, o presidente libanês Michel Aoun ainda não fixou a data para as consultas parlamentares, necessárias para a designação de um novo primeiro-ministro. Divergências entre os partidos tradicionais que controlam o Parlamento paralisam o processo.
"É preciso que o governo seja reconstituído. Eles têm que agir rápido. Há urgência humanitária e sanitária, além da urgência política se quisermos que o país resista", insistiu Le Drian. O Líbano "está à beira do abismo. Metade de sua população vive abaixo da linha da pobreza, a juventude está desamparada, o desemprego é assustador e a inflação galopante", enumerou.
Por isso, é necessário formar um "governo de transição" capaz de adotar rapidamente as "reformas indispensáveis", senão a comunidade internacional não ajudará o país. "Não vamos assinar um cheque em branco", advertiu o ministro.
Reformas necessárias
Segundo ele, todo mundo conhece as reformas necessárias no Líbano, como as reformas dos serviços públicos e do sistema bancário. Uma lista das reestruturações primordiais para o país foi estabelecida por Paris e transmitida aos responsáveis políticos libaneses. Ela será debatida durante a próxima visita de Emmanuel Macron ao país, confirmou o Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.
"Há efetivamente um documento de trabalho, um rascunho, que retoma pontos discutidos pelo presidente da República em Beirute, em 6 de agosto, que continuam sendo objeto de discussões constantes e contínuas com nossos interlocutores libaneses", detalhou a presidência francesa. "Mas cabe aos libaneses avançar. Está fora de questão uma ingerência" nos assuntos internos do Líbano, relativizou uma fonte diplomática francesa, assinalando que o documento é apenas "um roteiro".
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