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Otimista com vacinação, FMI eleva previsão de crescimento global; Brasil deve crescer 3,6% em 2021

26/01/2021 12h00

O Fundo Monetário Internacional (FMI) atualizou nesta terça-feira (26) suas previsões econômicas mundiais para 2021 e 2022. As campanhas de vacinação contra a Covid-19 e os efeitos dos planos de estímulo lançados por vários países trazem otimismo e levaram o FMI a melhorar suas perspectivas. Em 2021, o mundo deve crescer 5,5%, 0,3% a mais do que indicado em outubro. A previsão de alta também alcança a América Latina.

A expectativa é que a vacinação consiga controlar a pandemia, diminuindo o impacto inicialmente previsto sobre a econômica global.

Nessa atualização de seu relatório "Perspectivas Econômicas Mundiais" (WEO), o FMI diz que o contexto atual "indica uma base mais sólida para as perspectivas globais para 2021 e 2022". O relatório anterior tinha sido publicado em outubro.

Segundo os cálculos da entidade com sede em Washington, a economia dos Estados Unidos se expandirá dois pontos percentuais a mais do que o esperado em outubro, com crescimento do PIB de 5,5% em 2021. A China terá um crescimento de 8,1% este ano.

"As perspectivas melhoraram principalmente nas economias avançadas, refletindo os estímulos fiscais adicionais oferecidos, especialmente nos Estados Unidos e no Japão", disse o Fundo Monetário. A entidade acrescentou que isso se soma à expectativa de que haverá disponibilidade generalizada da vacina antes do esperado.

Um indicador importante dessa tendência positiva é o crescimento de 8% este ano no volume do comércio global. Em 2022, a expansão das trocas comerciais será de 6%.

Previsões inalteradas para 2022

Para o ano que vem, o Fundo manteve seus cálculos de que a economia mundial crescerá 4,2%, mas a entidade alertou, no entanto, que essa previsão é marcada por "incertezas excepcionais" e que a recuperação é "incompleta" e "desigual".

"Embora as recentes aprovações de vacinas aumentem as expectativas de uma mudança no rumo da pandemia este ano, novas ondas e novas variantes do vírus podem afetar as perspectivas", advertiu o FMI.

A pandemia reduzirá o PIB global em US$ 22 trilhões entre 2020 e 2025, adiantou durante coletiva de imprensa a chefe do FMI, Gita Gopinath

Brasil e México puxam crescimento na América Latina

O FMI aposta em um crescimento de 4,1% este ano, 0,5% a mais do que os cálculos do relatório anterior, para a América Latina. Este desempenho é sustentado por revisões em alta no Brasil e no México. A economia brasileira crescerá 3,6% (+0,8%) e a mexicana 4,3% (+0,8%).

A Europa é uma das regiões que teve queda na perspectiva econômica calculada pelo FMI. Devido à forte onda atual da pandemia no continente, as projeções para a Zona do Euro recuaram 1,0%, e a região deve crescer 4,2% este ano. A Itália é o país mais prejudicado, seguido da Espanha.

Uma comparação entre as economias desenvolvidas mostra que os Estados Unidos e o Japão alcançarão o patamar anterior à crise no segundo semestre de 2021, enquanto a Zona do Euro e o Reino Unido só conseguirão se recuperar o mesmo nível em 2022.

Impacto severo em mulheres, jovens, pobres e trabalhadores

O FMI informou que "o colapso severo de 2020 teve um forte impacto negativo sobre as mulheres, os jovens, os pobres e os trabalhadores informais, e também sobre os empregados de setores que lidam diretamente com o público".

A entidade reiterou sua mensagem de que serão os países que mantiverem o apoio à economia que voltarão mais cedo à trajetória de crescimento. O alerta é feito no momento em que o novo presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, tenta aprovar um plano de apoio em massa para a economia americana, que perdeu 9 milhões de trabalhadores desde fevereiro de 2020.

Além disso, o Fundo destacou que, entre as cicatrizes desta crise, está o retrocesso no combate à pobreza nas últimas duas décadas, com cerca de 90 milhões de pessoas podendo cair na pobreza extrema entre 2020 e 2021.

O FMI fez um apelo especial para fortalecer a cooperação multilateral, incluindo o apoio ao fundo de vacinação Covax, para que mais países tenham acesso à vacina contra a Covid-19. Já são 2,1 milhões de mortes no mundo.

Também defendeu que, nos casos em que a dívida soberana de um país se torne insustentável, as nações que se beneficiam de um mecanismo pactuado a pedido do G-20 continuem a operar dentro dessa estrutura com seus credores. Para o FMI, no contexto desta crise, a reestruturação da dívida de alguns países pode ser "inevitável".

(Com informações da AFP)