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EUA e Japão vão financiar vacinas em resposta à influência russa e chinesa

Produção das vacinas da Pfizer, Johnson e Johnson, AstraZeneca e Moderna, por serem privadas, ditava o ritmo da distribuição comercial - Martin Bureau/AFP
Produção das vacinas da Pfizer, Johnson e Johnson, AstraZeneca e Moderna, por serem privadas, ditava o ritmo da distribuição comercial Imagem: Martin Bureau/AFP

Thiago de Aragão

15/03/2021 09h07Atualizada em 15/03/2021 09h44

Muitos já sabiam que a diplomacia da vacina seria algo utilizado com mais força e precisão pela China e pela Rússia. O simples fato de terem vacinas patrocinadas (e produzidas) pelo Estado, fazia com que os governos dos dois países pudessem ditar a distribuição para países que traziam algum tipo de benefício estratégico (comercial, financeiro ou geopolítico).

A produção das vacinas da Pfizer, Johnson e Johnson, AstraZeneca e Moderna, por serem privadas, ditava o ritmo da distribuição comercial, sempre influenciada pela necessidade de determinados países que se anteciparam e encomendaram doses antes mesmo do início da produção.

No entanto, a reunião do "Quad" essa semana (aliança militar - naval entre EUA, Japão, Austrália e Índia), deu um passo importante para que essa aliança estratégica se extendesse para além do foco naval na região do Indo-Pacífico. Liderados pelos EUA, os quatro países chegaram a um acordo que promete contrapor, com peso, a diplomacia da vacina russa e, principalmente, chinesa.

Dentro do que foi acordado, EUA e Japão financiarão a produção de até um bilhão de doses de vacinas, que serão fabricadas na Índia e seguirão a distribuição por meio da Austrália. O foco inicial será nos países do Sudeste Asiático (o que busca rebalancear o esforço chinês de utilizar a vacina para amaciar o posicionamento de alguns países em relação ao Mar do Sul da China), para que depois seja considerado uma possível expansão para países do Oriente Médio, leste da África e ilhas do Pacífico: exatamente as áreas cobertas pelo Quad.

China também investe em sudeste asiático

Certamente a China tomará uma atitude em relação a essa movimentação com mais afinco do que os russos, já que no sudeste asiático, apenas o Vietnã possui um acordo relevante para a recepção da Sputnik V. A expectativa é que a China amplie a distribuição da Sinopharma fabricada em Pequim para essa região, mantendo a Sinopharma de Wuhan para o público doméstico.

O Presidente americano Joe Biden toma um passo importante com essa iniciativa. Assim, uma das principais estratégias chinesas de gerar um efeito positivo com países de interesse estratégico - a distribuição da vacina -, que vem trazendo impactos positivos, poderá ter uma concorrência de peso e mudar o rumo da eficácia dessa abordagem de Pequim.