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Chanceler francês acusa Rússia de utilizar Sputnik V como "arma de propaganda"

26/03/2021 08h58

Para o ministro francês das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, a Rússia não utiliza a vacina Sputnik V, desenvolvida por Moscou e exportada para dezenas de países, apenas como um instrumento de ajuda sanitária.
 

"Da maneira como tudo é gerenciado, trata-se mais de um meio de propaganda e de diplomacia agressiva que de solidariedade e ajuda sanitária", alfinetou o chanceler, em entrevista à rádio France Info nesta sexta-feira (26). Citando como exemplo a Tunísia, o ministro comparou as entregas de doses feitas pela Rússia com as já efetuadas pela Covax, criada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para distribuir imunizantes para os países mais pobres.

"A Rússia anunciou que doaria 30.000 doses para os tunisianos", disse Le Drian. "Mas, ao mesmo tempo, a Covax já entregou 100.000 doses e prometeu enviar mais 400.000 até o mês de maio. No total, haverá quatro milhões de doses previstas para o país neste ano. Esse é o verdadeiro trabalho de solidariedade, de cooperação sanitária", apontou.

O ministro francês também falou sobre a guerra de influências em torno da vacina, protagonizada pelos chineses e russos. "A China e a Rússia rivalizam nessa política de influência antes mesmo de vacinar suas próprias populações", declarou Jean-Yves Le Drian. Ele citou o caso do Senegal, revelando que, enquanto a China anunciava ter enviado 200.000 doses para o país, a Covax já tinha entregue o dobro.

Russos desconfiam do imunizante

Apesar do sucesso que a Rússia reivindica para sua vacina, homologada em 56 países, a Rússia tem dificuldades em imunizar sua própria população. Muitos russos desconfiam do produto, que ganhou crédito depois da publicação dos estudos na revista The Lancet validando sua eficácia. A Agência Europeia dos Medicamentos (AEM) está examinando o imunizante e ainda não homologou a Sputnik V.

O presidente russo, Vladimir Putin, que tomou a vacina na última terça-feira (23) longe das câmeras, denunciou as críticas europeias, que ele julga "estranhas" diante da emergência sanitária e a lentidão da campanha de vacinação na Europa.