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Covid-19: vacinas de RNA mensageiro podem evitar transmissão do vírus para outras pessoas

Vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna são exemplos de imunizantes que utilizam tecnologia do RNA mensageiro - iStock
Vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna são exemplos de imunizantes que utilizam tecnologia do RNA mensageiro Imagem: iStock

01/04/2021 14h51

Enquanto a França prepara seu terceiro lockdown nacional, com o fechamento de escolas por três semanas, e o Brasil atravessa uma fase crítica da pandemia, boas notícias acabam de chegar dos Estados Unidos. As vacinas de RNA mensageiro, como a da Pfizer/BioNTech e da Moderna, evitariam até a contaminação por Covid-19.

Desde os primeiros ensaios clínicos, a questão permanecia sem resposta: além de prevenir as formas sintomáticas da Covid-19, as vacinas também evitariam a propagação do coronavírus? Nos Estados Unidos, um estudo do Centro de Controle de Doenças (CDC) forneceu algumas respostas que parecem ir na direção certa.

Quatro mil pessoas vacinadas com imunizantes que utilizam a tecnologia do RNA mensageiro, como as da Moderna ou da Pfizer/BioNTech, foram acompanhadas por uma equipe médica nos Estados Unidos. 14 dias após a segunda dose, 90% deles foram declarados completamente imunes: o coronavírus não conseguia passar por eles.

Portanto, as pessoas imunizadas com esse tipo de vacina logicamente não podem mais transmiti-lo. O efeito também está presente após a injeção da primeira dose, embora seja menor: atinge cerca de 80% dos vacinados.

As implicações desta descoberta em termos de controle da pandemia são muito interessantes: os especialistas insistem no fato de que realmente muda muita coisa se as pessoas vacinadas chegam ou não a constituir um muro de proteção contra a propagação da pandemia. O CDC dos Estados Unidos, portanto, recomenda abrir a vacinação para todos.

Crianças e vacinas

Fora as contingências de estoques que têm levado as autoridades sanitárias de diversos países a vacinar prioritariamente os mais vulneráveis (pessoas mais velhas ou com comorbidades), uma parte da população continua completamente excluída dos sistemas: crianças e adolescentes. No entanto, pode-se ver que o vírus continua circulando ativamente entre os pequenos.

A razão é simples. Os ensaios clínicos não envolveram menores de 18 anos. Sem dados, eles estão, portanto, atualmente excluídos das campanhas de vacinação.

No entanto, isso está prestes a mudar. Vários ensaios clínicos em todo o mundo foram lançados para obter as informações que faltam e os primeiros resultados estão chegando. A Pfizer anunciou que sua vacina é 100% eficaz em adolescentes de 12 a 15 anos na prevenção de formas sintomáticas da Covid-19.

Este é um número impressionante que precisa ser colocado em perspectiva, no entanto. O estudo foi realizado em cerca de 2300 adolescentes e diz respeito apenas às formas sintomáticas. Porém, sabemos que essa população geralmente declara formas assintomáticas da doença. Paralelamente, portanto, será necessário determinar se os efeitos sobre a contaminação serão também suficientes.

Além disso, o anúncio da Pfizer foi feito mais uma vez por meio de comunicado à imprensa. Teremos, portanto, que aguardar a publicação dos dados completos para ter uma ideia mais precisa. No entanto, isso não impede que o laboratório queira enviar os resultados obtidos às autoridades sanitárias norte-americanas e europeias para incluir a extensão dessas faixas etárias na autorização de sua vacina.

Covid-19 e gripe

Essa era uma das preocupações deste inverno que acaba de dar seus últimos suspiros no hemisfério norte: a epidemia de gripe sazonal se somaria à da Covid-19? Na verdade, a gripe mata entre 10.000 e 15.000 pessoas todos os anos na França e sempre atrapalha os serviços de reanimação nos CTIs.

Boa notícia, não foi o caso desta temporada. De fato, de acordo com o relatório da agência de Saúde Pública da França, publicado na quarta-feira (31), nenhuma pessoa doente com gripe passou pelas portas de uma das 226 unidades de terapia intensiva que monitoram a epidemia desde o mês de outubro.

Provavelmente esse resultado se deve à vacinação na mesma época de 2020, que foi particularmente eficaz, e às medidas de distanciamento social. Sabe-se hoje que elas funcionam contra a Covid-19 e são igualmente eficazes contra a gripe. Também vimos seu efeito em outras doenças, como bronquiolite e gastroenterite, que estão muito menos presentes este ano.

Vacina da Pfizer é eficaz contra a variante sul-africana

A aliança Pfizer/BioNTech disse nesta quinta-feira (1°) que sua vacina teve uma eficácia muito alta contra a variante sul-africana do coronavírus, citando descobertas de testes clínicos conduzidos na África do Sul.

Nenhum caso de Covid-19 foi observado na África do Sul em pessoas vacinadas durante o ensaio clínico de fase 3, que rastreou os participantes por até seis meses após a segunda injeção, de acordo com um comunicado oficial da empresa.

Neste país, "foram recrutados 800 participantes, observados nove casos de Covid-19, todos no grupo placebo, o que indica uma eficácia da vacina de 100%", explicou o documento divulgado.

Estes são "os primeiros resultados clínicos que mostram que uma vacina pode efetivamente proteger contra as variantes atualmente em circulação, um fator essencial para alcançar a imunidade de grupo e acabar com esta pandemia para a população mundial", explica Ugur Sahin, CEO e co-fundador da BioNTech.

*Com informações da AFP