Topo

Muita pizza, empanadas e pouco exercício teriam provocado diverticulite do papa Francisco

05/07/2021 09h04

O papa Francisco passa bem depois de sofrer nesse domingo (4) uma cirurgia no intestino. O Vaticano informou nesta segunda-feira (5) que ele deverá permanecer sete dias internado. Desde que chegou a Roma, Jorge Bergoglio ganhou peso e sua diverticulite teria sido provocada por um regime alimentar rico em calorias, associado à falta de atividades físicas.

Por Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Fontes hospitalares, citadas pela imprensa italiana, garantem que a cirurgia durou cerca de três horas, e começou por volta das 18h30, hora local, 13h30 horário de Brasília. Segundo o comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé divulgado quase a meia-noite de domingo, o papa passa bem. Dez médicos estavam presentes no bloco cirúrgico.

A intervenção, primeiro com laparoscopia e depois aberta, foi feita com anestesia geral. Ela foi realizada pela equipe médica sob comando do cirurgião especialista e Prof. Sergio Alfieri.

"O Santo Padre reagiu bem à operação conduzida sob anestesia geral e realizada pelo Prof. Sergio Alfieri, com a assistência do Prof. Luigi Sofo, Dr. Antonio Tortorelli e Dra. Roberta Menghi. A anestesia foi realizada pelo Prof. Massimo Antonelli, Prof. Liliana Sollazzi e pelos doutores Roberto De Cicco e Maurizio Soave. O Prof. Giovanni Battista Doglietto e o Prof. Roberto Bernabei também estiveram presentes na sala de cirurgia", afirma o comunicado do Vaticano.

O papa terá que repousar sete dias para ser monitorado, antes de retornar ao seu trabalho. Devido a idade do pontífice, 84 anos, os riscos associados à anestesia geral eram a principal preocupação. O papa sofre de uma inflamação potencialmente dolorosa dos divertículos, hérnias ou bolsas que se formam nas paredes do sistema digestivo e cuja frequência aumenta com a idade. Uma das possíveis complicações desse quadro é a estenose, que é um estreitamento do intestino.

O clima em torno ao hospital

O papa chegou no hospital Polliclinico Gemelli nesse domingo como um simples paciente, em um carro sem luxo, acompanhado apenas pelo motorista e pelo seu colaborador. A imprensa não sabia da internação. Desde ontem a tarde quando a notícia foi divulgada, jornalistas do mundo inteiro estão de plantão na frente do hospital.

Esta manhã, as cinco janelas do quarto no décimo andar onde o papa está internado permaneceram fechadas. O longo corredor deste andar é controlado pela Polícia de Estado Italiana, a Gendarmaria do Vaticano e a segurança particular do hospital.

Durante o pontificado de João Paulo II, este hospital, que fica no alto de uma colina no bairro Triunfale ao norte de Roma, chegou ser chamado pelo próprio pontífice polonês de "Vaticano n° 3", ou seja, sua terceira casa depois do Palácio Apostólico e da residência de verão no Castel Gandolfo, por causa das suas diversas internações, principalmente depois do atentado que sofreu em 1981.

No caso de Francisco, esta é a primeira cirurgia aberta desde que é papa. Segundo a imprensa italiana, ele se submeteu a uma pequena cirurgia de catarata feita com laser na Clínica Pio XI de Roma, em dezembro de 2019. Quando tinha 21 anos, Jorge Bergoglio teve o lobo superior do pulmão direito removido devido a uma pleurisia.

Poucos sabiam da cirurgia

Antes de se internar nesse domingo, o papa participou da tradicional oração do Angelus, na praça São Pedro, no Vaticano. O pontífice informou que fará uma viagem em setembro para a Hungria e a Eslováquia, mas não disse que faria a cirurgia. O Vaticano afirmou que a cirurgia foi programada com antecedência.

De acordo com a imprensa italiana, para enfrentar seu novo problema de saúde, do qual poucos tinham conhecimento até agora, Francisco quis esperar até o início de julho, mês em que, como todos os anos, reduz seus compromissos e interrompe as audiências. A cirurgia teria sido aconselhada em fevereiro passado pelo seu novo médico pessoal, o geriatra Roberto Bernabei.

No fim de janeiro passado, o jornal italiano Corriere della Sera informou que o papa Francisco estava fazendo uma dieta para perder 7 ou 8 quilos porque ele sofre de fortes dores nas costas provocadas pelo nervo ciático. Ele faz fisioterapia continuamente.

Não é um segredo que o papa Francisco adora pizza, empanadas e alguns doces argentinos. Aqueles que o conheciam antes de sua eleição como pontífice em 2013 observaram um aumento de peso, devido principalmente a uma dieta mais rica e à falta de exercícios. Quando ele vivia em Buenos Aires, sua cidade natal, tinha um estilo de vida mais saudável e se movimentava constantemente pelas ruas da capital argentina.