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Com novos casos de Covid-19, China retoma obrigação de passe sanitário; saiba como funciona

06/08/2021 10h59

Na China, o passe sanitário está em todos os smartphones desde a primavera de 2020. Impossível sair sem, principalmente agora, com o surgimento de novos casos --o país tem registrado cerca de 90 casos de contaminação por dia. O relato é do correspondente da RFI na China.

Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim

Com a volta da epidemia nos últimos dias, a musiquinha do que aqui se chama "Jiànk?ng b?o", literalmente "informação sobre o tesouro da nossa saúde", está de volta a todos os locais públicos que permanecem abertos, como cafés e lojas, mas também na entrada das residências. Você escaneia o código QR do seu smartphone (escanear é importante, mostrar não é suficiente para rastrear) e ouve: "Tong guo!, ou seja, "O código é verde", você pode passar! "

É como um semáforo: se o código for laranja, você está em quarentena, não pode sair de casa; se der vermelho, uma brigada médica é informada imediatamente.

Mas tínhamos até nos esquecido um pouco desse passe sanitário. Por quase seis meses, não houve nenhum caso de Covid em Pequim; o passe não era mais exigido por determinados estabelecimentos ou hotéis.

Aqui o passe sanitário é usado principalmente para rastrear casos de contato. Com a chamada tecnologia "Big data", as autoridades sabem se você esteve em uma área de risco médio ou alto. Esse polêmico sistema de rastreamento, no entanto, afeta opositores políticos e jornalistas em busca de reportagens sobre assuntos mais sensíveis.

Se for o caso, uma comissão distrital entra em contato com o dono do telefone, ordenando que se faça um teste PCR e isolamento imediato. Isso aconteceu comigo no meu caminho de volta de Zhengzhou, onde cobrimos a enchente no mês passado. Casos de contaminação foram registrados na capital da província central de Henan. Quando voltei para Pequim, fui convidado a fazer um teste PCR novamente. Meu código permaneceu laranja por três dias, depois mudou de volta para verde. Três dias em que não conseguia nem entrar no mercadinho embaixo de casa.

Às vezes, acontecem bugs. A cadeia de rastreamento foi parcialmente interrompida, principalmente em Henan, por conta dos cortes de energia e internet devido às enchentes. O smartphone também alerta as autoridades sanitárias quando você atravessa de trem de alta velocidade um território de risco.

Instalado em 11 de fevereiro de 2020 em Hangzhou, perto de Xangai, por meio do aplicativo Allipay, da gigante do comércio eletrônico Alibaba, o sistema foi generalizado para o resto do país a partir de abril de 2020. Cada província ou cidade-estado tem seu código sanitário.

Passe sanitário não está vinculado à vacinação

O passe na China não está diretamente relacionado à vacinação, mesmo que o fato de se estar vacinado ou não seja mencionado nesse código de saúde. Mas isso pode mudar. As províncias do sul, especialmente Zhejiang, pediram que a vacina garantisse o código verde. Até agora, o governo central não validou.

Em todo caso, esse passe de saúde é uma das chaves da chamada estratégia "Covid Zero" na China, que exige um investimento considerável em termos financeiros, materiais e humanos por parte do Estado chinês, mas também das empresas. "A saúde das pessoas é o bem mais precioso", repetem regularmente as autoridades.

O bloqueio da circulação do vírus requer a mobilização de pessoal médico para realizar testes massivos ao menor aparecimento de casos confirmados, além de um exército de rastreadores buscando casos de contato, bem como milhões de pessoas para controlar o famoso "código QR sanitário" no smartphones em período de epidemia. Eles estão por toda a parte: agentes nas entradas das estações, nos transportes públicos, guardas nas entradas das residências e funcionários nas lojas.

No café onde estou, por exemplo, os garçons se revezam o dia todo em uma cadeirinha na entrada, diante de um pôster com o famoso "Jiànk?ng b?o" que todos os clientes devem escanear para poder entrar.