Singapura se impõe como modelo mundial de tratamento de águas residuais
Quase 80% das águas residuais do mundo são despejadas na natureza sem nenhum tratamento, com todos os riscos à saúde que isso acarreta. Em um momento em que o aquecimento global ameaça nossos recursos hídricos, Singapura recicla 40% de suas águas residuais e quer aumentar ainda mais essa porcentagem.
Gabrielle Maréchaux, correspondente da RFI no Sudeste Asiático
Olhando para o clima em Singapura, é difícil perceber sique o país está sob estresse hídrico, admite o professor Shane Snyder, diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental e Hídrica. "Chove o tempo todo, mas falta água, parece loucura! Mas faz sentido: Singapura é um país pequeno com uma das maiores densidades do mundo. Então não há espaço para coletar essa água da chuva. Há infraestrutura para dessalinizar a água do mar, mas isso consome muito mais energia do que reciclar a água residual", explica.
Assim, a água que vai para os vasos sanitários percorre quilômetros de canos, bombas, filtros e raios ultravioleta para então emergir límpida e potável nas torneiras de indivíduos e de muitas indústrias que precisam de água de pureza absoluta.
Uma metamorfose sem fim da qual Singapura se orgulha, conforme mostrado em um vídeo da Agência Nacional de Águas. "Reciclar águas residuais é um pouco como mágica ou alquimia. Ninguém quer esgoto, e nós estamos transformando-o em um recurso útil e valioso", orgulha-se o vídeo promocional.
Bom investimento
Para o professor Snyder, a maneira de Singapura economizar seus recursos hídricos é difícil de comparar e de replicar. "Muitas vezes as cidades esperam enfrentar crises ambientais terríveis para dizer a si mesmas: 'provavelmente seria bom reciclar a água'. Mas, infelizmente, criar esse tipo de infraestrutura leva muito tempo", explica o especialista.
Singapura, por sua vez, investiu mais de € 6 bilhões para tentar tornar seus 728 quilômetros quadrados de terreno mais hidraulicamente independentes.
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