Raquel Landim

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Derrite balança na Secretaria de Segurança de SP e tenta reverter desgaste

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, está balançando no cargo e montou uma operação para tentar reverter o desgaste de sua imagem, afirmam três fontes ouvidas pela coluna.

Nesta quarta-feira (4), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, negou a intenção de demiti-lo. Aliados e pessoas próximas, no entanto, ponderam que a situação pode ficar insustentável se mais episódios de violência policial vierem a público.

Ciente da situação, Derrite teria orientado o comandante-geral da PM, coronel Cássio Araújo de Freitas, a dar diversas entrevistas. A manifestação pública de apoio do senador Ciro Nogueira, presidente do PP, também faz parte desse esforço. Nogueira é um dos padrinhos da indicação de Derrite.

Conforme apurou a coluna, Tarcísio chegou a admitir a interlocutores em conversas reservadas que o secretário "perdeu o controle" da tropa e está muito insatisfeito com a situação.

Aliados dizem que é improvável que o governador o demita agora para "não passar recibo", mas nada impede que o desligamento ocorra mais à frente se necessário.

A pressão é intensa e vem não só da sociedade, dos políticos, mas também da Justiça.

Interlocutores no Judiciário, que cultivam excelentes relações com o governador, avisaram no Palácio dos Bandeirantes que não vão tolerar novos casos de violência policial, como a cena em que um homem é atirado da ponte por PMs.

Na quarta-feira (4), o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, telefonou, logo cedo, para Derrite e, em seguida, para Tarcísio. Ele também soltou uma nota demonstrando preocupação. O gesto foi interpretado como uma cobrança, principalmente em relação ao secretário.

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Aliados do governador dizem que Derrite ganhou muito prestígio na Operação Escudo no Guarujá. Naquele momento, apesar do elevado número de mortos, as pesquisas demonstraram uma aprovação da sociedade e um aumento da popularidade de Tarcísio.

Mas algumas posturas do secretário já vinham provocando incômodo, como um apoio velado nas eleições municipais ao então candidato Pablo Marçal (PRTB). Derrite chegou a fazer comentários em posts de Marçal. Já Tarcísio era o principal aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Agora os diversos episódios de violência —a morte do menino Ryan, do estudante de medicina, o homem alvejado pelas costas e o outro atirado da ponte— provocaram reações negativas da opinião pública.

Mesmo entre aliados, as imagens foram consideradas "inadmissíveis". A avaliação de pessoas próximas é que as cenas não condizem com a imagem de Tarcísio de um "político conservador, mas que dialoga com a sociedade".

Ontem à noite, conforme revelou a coluna, o governador reuniu a cúpula da PM e pediu uma "mudança de rumo" na segurança pública. Derrite não participou do encontrou, porque estava num evento em Brasília.

Derrite divulgou um vídeo em suas redes sociais, criticando a atitude dos PMs, que atiraram o homem da ponte. Ele disse que os policiais seriam "afastados" de suas funções. Segundo o secretário, "ações isoladas" não manchariam a imagem da corporação e "desvios de conduta" não seriam tolerados.

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