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Rússia: marcadas por repressão da oposição, eleições legislativas se encerram hoje

19.set.2021 -  Cidadãos votam no último dia das eleições parlamentares russas - Arun Sankar/AFP
19.set.2021 - Cidadãos votam no último dia das eleições parlamentares russas Imagem: Arun Sankar/AFP

19/09/2021 06h25

A Rússia encerra hoje eleições legislativas, marcadas pela repressão da participação da oposição nos últimos meses. Quase nenhum candidato contrário ao presidente Vladimir Putin foi autorizado a concorrer.

A maioria das candidaturas ligadas ao opositor Alexei Navalny foram retiradas, por pressão das autoridades russas. No total, foram três dias de votação, desde sexta-feira (17), com voto presencial e parcialmente pela internet. Na falta quase generalizada de opções, o partido no poder, Rússia Unida, deve ser declarado vencedor do pleito, apesar da sua impopularidade crescente no país.

As eleições renovarão as 450 cadeiras da Duma, a Câmara dos Deputados russa, que já é dominada pelo partido de Putin. Simultaneamente, também acontecem eleições locais e regionais.

"As pessoas praticamente não têm escolha. Há poucos partidos. Não podemos escolher entre nada", disse Vladimir Zakharov, empresário de 43 anos, enquanto votava em São Petesburgo, ontem.

No total, 108 milhões de russos estão aptos a votar. Os primeiros resultados são esperados para o fim da noite de hoje.

A organização especializada em transparência democrática Golos afirmou, nesta manhã, ter registrado quase 3,5 mil irregularidades nos dois primeiros dias de votação. Entre elas, urnas violadas e pressões para os eleitores irem votar.

Aplicativo bloqueado

Navalny, o maior opositor do Kremlin, segue preso desde janeiro, acusado de fraude — no que ele avalia ser um processo político. O movimento liderado por ele é considerado "extremista" e está proibido. Muitos de seus aliados fugiram do país, temendo represálias.

Os opositores tentaram implementar uma estratégia digital já conhecida para fortalecer os poucos candidatos opositores, quaisquer que fossem — com frequência, um comunista. Mas se defrontaram com o bloqueio de um aplicativo desenvolvido por eles para este objetivo, pelas principais plataformas como Google, Apple e, por fim, Telegram. O movimento de Navalny acusou as gigantes da tecnologia de "ceder às pressões" do Kremlin.

O Telegram foi o último a deletar, ontem, o aplicativo de "voto inteligente" de Alexei Navalny, apesar de ter anunciado a princípio que tinha a intenção de resistir à pressão das autoridades russas para que o bloqueasse. O órgão russo regulador das telecomunicações exigiu na segunda-feira a retirada do aplicativo, que indica qual candidato tem mais chances de derrotar os do partido do presidente, em cada região.

O fundador do Telegram, o russo Pavel Durov, disse que se limitou a seguir a Apple e Google, "que ditam as regras do jogo". Mas acrescentou que "o fato de Apple e Google aceitarem que haja aplicativos bloqueados cria um perigoso precedente que vai afetar a liberdade de expressão na Rússia e no mundo".

Ciberataques

Ontem, a Comissão Eleitoral russa denunciou "três ciberataques" organizados "em países estrangeiros" aos seus sites. Segundo um dirigente da Comissão Eleitoral, Alexandre Sokoltchuk, dois deles tiveram como alvo os sites da instituição e um terceiro tentou sobrecarregá-lo por meio da negação de serviço.

"O ataque foi bastante poderoso", afirmou Sokoltchuk, citado por agências de notícias russas, acrescentando que outros ataques estavam sendo preparados para domingo. Sokoltchuk, no entanto, não especificou quais países estariam por trás das invasões.

Com informações da AFP