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Festival de Biarritz homenageia cinema peruano e tem quatro produções brasileiras em competição

27/09/2021 17h58

A 30ª edição do Festival Biarritz América Latina abriu nesta segunda-feira (27) de forma presencial, já que a França retomou a realização de eventos culturais, mas sob a obrigatoriedade de apresentação do passaporte sanitário. O Peru é o grande homenageado este ano e o Brasil é representado por quatro produções.

Daniella Franco, enviada especial da RFI a Biarritz

O Peru comemora neste ano o bicentenário de sua independência e atrai os holofotes em um dos festivais de cultura latino-americana mais importantes da França. Em Biarritz, os organizadores deste célebre evento que completa 30 anos em 2021 querem também comemorar o cinema regional peruano, que descentralizou a produção cinematográfica do país, antes concentrada em Lima, e que hoje se expande a Trujillo, Cusco e Arequipa.

"Em Biarritz, como no Peru, é o mar, este vasto espaço, fonte de vida, que contribuiu para marcar um horizonte rico em experiências. A França é o país ao qual nos unimos, através de seus ideais e suas aspirações constantes de liberdade, igualdade e fraternidade, para apresentarmos nossa cultura", afirmou Cristina Ronquillo de Blödorn, embaixadora do Peru na França, na abertura do festival.

No total, dez produções peruanas serão exibidas durante o evento, que conta também com uma retrospectiva do documentarista chileno Ignacio Agüero, considerada por Nicolas Azalbert, responsável pela programação cinematográfica do festival, como como "uma das mais estimulantes destas últimas décadas porque ela não se contenta a registrar a realidade, mas busca recompô-la".

Em competição, dez longas de ficção, dez documentários e onze curtas-metragens, vindos de toda a América Latina, do México à Argentina. O Brasil é representado por quatro produções: "Capitu e o Capítulo", de Julio Bressane e "Madalena", de Madiano Marcheti, na categoria ficção; "Edna", de Eryk Rocha, na categoria documentário, e "Igual, Diferente, Ambas, Nenhuma", de Adriana Barbosa e Fernanda Pessoa, na categoria curta-metragem. Fora da competição, a animação brasileira "Tito e os Pássaros", de Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto, será exibida na mostra jovem público.

Vinda de brasileiros dificultada pela pandemia

Ainda reflexo da pandemia de Covid-19, apenas Madiano Marcheti e Eryk Rocha estão presencialmente em Biarritz. Já as cineastas Fernanda Pessoa e Adriana Barbosa, conversaram com a RFI de São Paulo e Los Angeles, respectivamente, onde estão baseadas.

"Para a gente, essa exibição em Biarritz tem uma importância ainda maior porque o nosso filme foi feito durante a pandemia e estreou durante a pandemia, no ano passado, no Idfa [International Documentary Filmfestival Amsterdam], numa versão híbrida, com sessões de cinema e online. Mas agora no Festival de Biarritz é a primeira vez que o filme vai passar apenas em salas de cinema, então a gente vai ter a certeza de que o público vai encontrar com o filme da forma que a gente imaginou", afirma Fernanda.

"É um grande privilégio ser parte desses filmes selecionados para serem exibidos em Biarritz e para mostrar os filmes latinos em outros territórios. Mostra o quanto essas histórias têm que ser compartilhadas além das fronteiras. É uma bela janela para o cinema latino-americano, um sinal de que nossas histórias precisam ser contadas e tem uma audiência pronta para assisti-las", reitera Adriana.

A 30ª edição do festival também conta com outros eventos paralelos, como ateliês artísticos, cursos de dança, concertos e debates. Nesta terça-feira (28), será realizada a mesa redonda "As Amazônias: desafios locais, problemáticas globais", organizada pelo Instituto de Altos Estudos sobre a América Latina (Iheal), da Universidade Paris 3. Durante o encontro, será exibido o documentário "Les Oubliés de l'Amazonie" (Os esquecidos da Amazônia, em tradução livre), da cineasta belga Marie-Martine Buckens.

O Festival Biarritz América Latina se encerra em 3 de outubro.