Começa na Alemanha julgamento de consultoria acusada de fornecer certificado falso à barragem de Brumadinho
Começou nesta terça-feira (28) em Munique, no sul da Alemanha, o julgamento contra a consultoria alemã TÜV SÜD, acusada de ter falsificado o certificado da barragem de mineração de Brumadinho, no Brasil, que rompeu em 2019 causando 270 mortes.
Na ação, de natureza administrativa, os advogados do município de Brumadinho e de 1.200 vítimas da tragédia reclamam indenização por danos e prejuízos da empresa alemã.
"Quero justiça. Todos devem assumir suas responsabilidades", reagiu durante a audiência Gustavo Barroso, irmão de uma das vítimas da catástrofe.
Com seus pais, o cunhado e a comunidade de Brumadinho, ele exige o reconhecimento da responsabilidade da TÜV SÜD na tragédia, e pende entre 10 mil e 70 mil euros de indenização.
Uma sentença nesse sentido abriria caminho para a indenização de "1.200" vítimas e parentes, de acordo com o escritório de advocacia que representa as vítimas. A TÜV SÜD "deve assumir na Alemanha o que fez a milhares de quilômetros de distância", disse em nota o advogado Pedro Martins, do escritório PGMBM.
O advogado afirma a existência de "provas que demonstram que a TÜV SÜD certificou que a barragem era segura, embora não fosse". "É um fato que eles sabiam, mas ignoraram", acrescentou.
O juiz já deixou claro que um acordo amigável "não poderá ser alcançado". A consultoria é acusada de ter falsificado documentos para certificar a segurança da barragem, localizada próximo ao município de Brumadinho, de 40 mil habitantes.
Desastre ambiental
Em janeiro de 2019, o rompimento da barragem matou 270 pessoas, devastou a cidade de Brumadinho e liberou uma torrente de lama que varreu a região, causando um grande desastre ambiental.
A investigação realizada no Brasil revelou que o certificado de segurança, emitido pela empresa TÜV SÜD, continha informações falsas.
Segundo as autoridades, a barragem não atendia às normas internacionais de segurança.
O grupo alemão rejeitou as acusações nesta terça-feira, dizendo que não teve qualquer responsabilidade pelas mortes e argumentando que a tragédia foi desencadeada por obras realizadas após a certificação.
No início de 2021, a mineradora Vale, responsável pela barragem, concordou em pagar US $ 7 bilhões para remediar as consequências sociais e ambientais do rompimento da barragem. Desse montante, US $ 1,7 bilhão foi diretamente para as pessoas afetadas.
A Justiça brasileira também abriu um processo criminal contra vários funcionários e administradores da TÜV SÜD e da Vale.
(Com informações da AFP)
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