Após mudança de lei, Grécia corta distribuição de alimentos para cerca de 6.000 de refugiados
Cerca de trinta ONGs denunciam a falta de acesso a alimentos a parte dos refugiados que estão em campos na Grécia. Uma nova lei, em vigor desde outubro, limita a assistência estatal às pessoas que aguardam uma decisão sobre o pedido de asilo. Os refugiados que já tiveram o asilo aceito ou rejeitado foram excluídos do programa de apoio alimentar.
Joël Bronner, correspondente da RFI em Atenas
A lógica é matemática. As ONGs compararam os números oficiais de alimentos distribuídos pelas autoridades nos campos da Grécia continental com o número de residentes desses campos, conforme registrado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM). O resultado é que quase 40% deles - cerca de 6.000 pessoas, incluindo crianças - estão sem comida.
"No início de outubro passado, os residentes dos campos que haviam recebido asilo foram convidados a ir morar em outro lugar e se virarem", explica Melina Spathari, que representa a ONG Terre des Hommes na Grécia. "Obviamente isso não é possível, não há medidas de integração para ajudar essas pessoas a encontrar um trabalho, uma forma de subsistência e começar a viver de forma independente", conclui.
Burocracia à la grega
A burocracia grega é um grande obstáculo para que os refugiados aceitos no país encontrem trabalho rapidamente. Eles precisam tirar licença de residência, ter um número individual de impostos, abrir uma conta bancária... Uma série de etapas, que não são simples para um estrangeiro, e que levam muito tempo.
Para o grupo que teve seu pedido de asilo rejeitado, a situação é ainda mais complicada. O governo da Grécia gostaria de extraditá-los para a Turquia, de onde chegaram pelo mar. Contudo, não há um acordo estabelecido com Ancara para isso. Até que isso seja resolvido, esses refugiados estão presos na Grécia, sem assistência e sem direito de trabalhar.
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