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Sanofi vai investir € 1,5 bilhão para desenvolver tecnologia do RNA mensageiro na França

07/03/2022 17h51

O laboratório francês Sanofi vai investir € 1,5 bilhão na França para desenvolver a tecnologia do RNA mensageiro, anunciou nesta segunda-feira (7) o primeiro-ministro francês, Jean Castex, em um pronunciamento feito diretamente da fábrica do grupo em Neuville-sur-Saône, no leste da França.

O premiê francês elogiou "a ambição da Sanofi ao desenvolver seis projetos de imunizantes que levarão à obtenção de uma vacina final a base de RNA mensageiro até 2025", voltada para doenças infecciosas e emergentes. Ele lembrou do "trauma nacional francês na corrida pelas vacinas" contra a Covid-19, quando a Sanofi foi deixada para trás pelos seus concorrentes, que produziram, por exemplo, os imunizantes da Pfizer e da Moderna.

Castex depositou simbolicamente a primeira pedra de uma nova unidade de produção de vacinas em Neuville-sur-Saône, no leste da França, cuja construção havia sido anunciada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em junho de 2020. "Com estes equipamentos, a Sanofi não só poderá produzir vacinas na França, mas também 3 ou 4 imunizantes simultaneamente", disse Castex.

No total, "200 novos empregos serão criados no local, além dos 130 no centro de excelência" em Marcy-l'Etoile, também perto de Lyon, disse o primeiro-ministro. A Sanofi havia anunciado que investiria € 2 bilhões na tecnologia do RNA mensageiro no ano passado, sem especificar, na época, a distribuição do produto mercado mundial. 

"Soberania europeia" na tecnologia de vacinas

"A idéia é criar um ecossistema", disse Olivier Bogillot, o presidente francês do grupo, referindo-se em especial à produção de nanopartículas lipídicas, que formam a cápsula que envolvem a molécula de RNA mensageiro, e para as quais não existe atualmente nenhum produtor na França. "Nós queríamos desenvolver uma reflexão sobre a soberania europeia. É importante poder ter em solo francês e europeu capacidades de produção de A a Z para essa tecnologia de vacinas", disse Bogillot.

Durante a crise da Covid, "todo o povo francês viu o estado de dependência em que nos encontramos", lamentou o premiê francês. Em relação às vacinas, foram necessários dois anos de crise antes que "duas soluções francesas passassem por procedimentos de autorização na Agência Francesa de Medicamentos", incluindo a da Sanofi, que utiliza uma tecnologia mais tradicional do que a do RNA.

"Nós tomamos medidas para garantir que isso não aconteça novamente" porque "é uma ameaça para nossa independência médica e nossa soberania", disse Castex. A pesquisa e a inovação no campo das doenças infecciosas será o tema de um investimento de € 750 milhões como parte do plano "França 2030", com uma "estratégia que cobre toda a cadeia de valor", disse ainda o premiê francês.

Isso envolverá o apoio a programas de pesquisa, o fortalecimento das capacidades de produção e o desenvolvimento de três "bioclusters" na França. Sobre este último ponto, Lyon é candidata a sediar um destes projetos, focado na imuno-infectologia, após a abertura do biocluster do câncer em Saclay (nos arredores de Paris).

(Com informações da AFP)