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Escolha de mulher como primeira-ministra da França representa avanço social, mas não ruptura

17/05/2022 10h10

A França amanheceu nesta segunda-feira (17) com uma nova primeira-ministra. A imprensa francesa celebra o progresso social da escolha de uma mulher para o cargo, mas salienta que a troca de chefe de governo não representa uma ruptura política.

A nomeação de Élisabeth Borne para o cargo é um acontecimento importante em matéria de avanço social, de acordo com Libération porque ela é apenas a segunda mulher na história do país a ocupar o cargo.

Esta escolha, que acontece muito tarde, mostra que "a classe política francesa é mais machista que sua população", afirma o jornal. Mas, para a publicação, em termos políticos, Borne não representa uma ruptura com seu antecessor, Jean Castex. "O presidente Emmanuel Macron apenas trocou um tecnocrata de direita por uma de esquerda", afirma o diário progressista.

Para Le Parisien, a escolha de Borne é um símbolo forte e corrige uma "anomalia", já que a maioria dos países do mundo tem ou já teve mulheres no poder, citando o exemplo das primeiras-ministras Margaret Thatcher no Reino Unido e Angela Merkel, na Alemanha, e da vice-presidente Kamala Harris, nos Estados Unidos.

Tecnocrata

Borne é mais conhecida por suas capacidades técnicas que por sua representatividade política, concordam os jornais. Após estudar engenharia na tradicional Escola Politécnica, ela começou a trabalhar para o governo de Lionel Jospin, do Partido Socialista.

Mas durante sua carreira, a premiê atuou tanto no setor privado quanto no público, construindo um perfil, que de acordo com Le Parisien, "correspondia àquele buscado por Macron".

"Com Élisabeth Borne, o presidente faz uma escolha segura para tratar de temas complicados como a reforma da previdência", diz o jornal. O projeto foi engavetado desde o começo da pandemia de Covid-19.

Le Figaro destaca que a nova chefe de governo, que cuidou de três pastas, Trabalho, Transportes e também Transição Ecológica, construiu, em cinco anos, uma reputação de reformadora.

O jornal reconhece que Borne realizou reformas consideradas impossíveis e conseguiu a taxa de desemprego mais baixa desde 2008 na França. Resta saber se conseguirá economizar os 50 bilhões de euros nos cofres públicos prometidos pelo presidente Emmanuel Macron durante sua campanha para a reeleição.