"Independência energética não tem preço", diz ministro francês sobre 'renacionalização' de companhia de luz
A decisão do governo francês de "renacionalizar" a companhia de energia elétrica EDF, a maior fornecedora de eletricidade da França e da Europa, tem forte repercussão na imprensa. O Estado francês já possui 84% de participação no capital da empresa e vai readquirir os 16% restantes, atualmente em mãos de acionistas privados.
Em entrevista à rádio Europe 1, nesta quinta-feira (7), o ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, disse que a "renacionalização" da EDF é uma escolha estratégica "porque a independência energética não tem preço". O ministro anunciou a abertura do processo para a nomeação de um novo presidente na empresa e disse que "o roteiro da futura gestão da EDF é produzir mais (...) e o mais rápido possível, iniciar a construção de seis novos reatores nucleares do tipo EPR, mantendo o compromisso com as energias renováveis", enfatizou.
As usinas nucleares aparecem como a única alternativa capaz de produzir eletricidade em massa e não comprometer os compromissos climáticos de descarbonização da economia. No entanto, o parque nuclear francês, que costuma fornecer 80% da eletricidade consumida no país, está fragilizado. Dos 56 reatores mantidos pela EDF, 29 estão paralisados para manutenção ou por terem apresentado problemas de corrosão decorrentes do processo de envelhecimento.
A política de transição energética do presidente Emmanuel Macron prevê a construção de novos reatores nucleares, mas a EDF está endividada e não teria fôlego para arcar com os investimentos necessários. A situação financeira do grupo também se deteriorou com a decisão do governo de forçá-lo a vender eletricidade mais barata a seus concorrentes, a fim de conter o aumento das contas de luz para famílias e pequenas empresas.
Fim de uma aventura mal-sucedida na Bolsa de Valores
Na avaliação do jornal Les Echos, a "renacionalização" da EDF marca o fim da "aventura" de capitalização do grupo no mercado financeiro, uma estratégia lançada em 2005, mas que não rendeu os resultados esperados. Na época, o preço de introdução da ação do grupo na Bolsa de Valores de Paris foi de € 32. Na última terça-feira, a ação da EDF valia um quarto do valor inicial (€ 7,8) no fechamento do pregão. Após o anúncio do governo, as ações da EDF ganharam 15% na quarta-feira. A operação de renacionalização deve custar entre € 6 bilhões e € 8 bi aos cofres do Estado.
Para analistas do setor, o controle de 100% da EDF pelo poder público é uma necessidade devido ao grau de endividamento da empresa, mas não é suficiente para garantir preços razoáveis de fornecimento aos consumidores. Ainda não se sabe como o Estado francês irá financiar a construção dos novos reatores e regulamentar a venda de energia respeitando as regras do mercado europeu.
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