Conteúdo publicado há 8 meses

Caso Porsche: PM 'falhou' em não fazer flagrante do motorista, diz Tarcísio

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta sexta-feira (26) que a equipe de policiais militares "falhou" em não fazer o flagrante de Fernando Sastre de Andrade Filho, condutor da Porsche responsável pelo acidente que deixou um motorista de aplicativo morto e um homem ferido na capital paulista, em 31 de março.

O que aconteceu

"Não falta etilômetro" em São Paulo, disse Tarcísio. Um jornalista havia questionado sobre a divulgação das imagens da câmera corporal de uma PM envolvida na ocorrência. O registro mostra a agente questionando se um colega tem o equipamento para fazer o teste do bafômetro em Fernando, mas ele responde que não.

"Você, quando vai fazer a identificação da alcoolemia, também pode fazer por outras formas", destacou Tarcísio. "A equipe que estava lá podia ter identificado o problema, dar amparo para isso. A equipe podia ter feito o flagrante e, neste ponto, a equipe falhou", completou.

Governador também declarou que fará a substituição de dois contratos de câmeras corporais, usadas pela corporação, previstos para vencer no meio do ano. Os contratos também serão ampliados no número de câmeras a serem compradas e abrangerão equipamentos que, segundo Tarcísio, terão "mais funcionalidades" do que os atuais. As licitações estão sendo estruturadas e devem ser divulgadas em maio, segundo o governador.

Câmeras de PMs mostraram a liberação do condutor

Fernando Sastre de Andrade Filho teria tentado deixar local sem falar com os PMs. Testemunhas narraram que foi preciso "segurar" o motorista, já que a namorada dele, que passava pela via em outro carro, teria tentado levá-lo para o hospital.

Enquanto liberavam algumas testemunhas, um PM diz a uma colega que Fernando está indo embora com a mãe dele, Daniela Cristina de Medeiros Andrade. Outra agente responde: "Pega ele ali. Oxe, oxe, oxe. Aonde ele vai?". Os agentes andam rápido, alcançam a dupla e Daniela diz que está indo para o hospital com o filho.

Uma PM diz que Fernando precisa ser qualificado e questiona sobre a CNH dele. Daniela responde que "já passou tudo para ele [outro PM]. Está tudo com ele, já. Só levar ele para o [Hospital] São Luiz." O agente informa que não liberou a dupla e a mulher diz estar "apavorada" e reforça que levaria o filho para fazer um raio-x.

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— Fernando: Eu estava saindo com o Marcos [amigo que estava no Porsche com Fernando], a gente estava indo para casa. E aí aconteceu o acidente horrível. Foi isso.

— Daniela: Pelo amor de Deus. Deixa eu levar ele para fazer tomografia, moça. Se ele tiver batido a cabeça, cada minuto conta.

— Tio de Fernando: Você bateu [inaudível]?

— Fernando: Não, não. O Marcos se machucou. O Marcos se machucou.

— PM: Você só lembra disso? Não lembra mais nada que aconteceu?

— Fernando: Não, a gente estava saindo da festa. A gente ia ir para a minha casa jogar sinuca. Aí, do nada, aconteceu um acidente horrível. Aconteceu isso. Eu não lembro mais de nada. O Marcos está bem?

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Após Fernando assinar o registro da ocorrência pela PM, Daniela questiona novamente se pode sair do local. A agente questiona para qual hospital ele seria levado e ela responde "São Luiz".

Após a liberação da PM, a mãe de Fernando pega ele pelo braço. "Calma", diz ele. "Vamos, Fernando", grita Daniela em resposta. "Vamos lá, lindão, socorrer você", completa o tio dele.

Apesar dos diversos pedidos da mãe de Fernando, ele não foi levado a um hospital após deixar o local da colisão. Os policiais foram até a unidade de saúde para colher o depoimento do motorista e fazer o teste do bafômetro, mas foram informados na recepção de que ele não deu entrada em qualquer hospital da rede São Luiz. A polícia também foi até a casa da família de Fernando e tentou contato com mãe e filho por telefone, mas sem sucesso.

Relembre o caso

Fernando Sastre bateu o Porsche contra veículo do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana. O acidente ocorreu no dia 31 de março, na avenida Salim Farah Maluf.

Carro do empresário estava a mais de 150 km/h. A informação é do Ministério Público. Testemunhas já tinham contado à polícia que Fernando fez uma ultrapassagem em alta velocidade — o limite de velocidade na via é de 50 km/h — perdeu o controle e colidiu com traseira do Sandero.

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Fernando Sastre foi liberado da delegacia após prestar depoimento. Ele se apresentou à polícia 38 horas após ter deixado o local do acidente. "Ele falou só o básico para não se culpar", afirmou o delegado Nelson Vinicius Alves, acrescentando que Fernando estava frio e tranquilo durante o depoimento. Na semana passada, o delegado foi afastado da investigação e da delegacia responsável pelo caso após cobrar as imagens das câmeras corporais dos PMs.

Sindicância mostrou que houve "falha de procedimento" dos PMs que abordaram o motorista do Porsche. Agentes erraram ao não testar se Fernando estava alcoolizado, disse a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) em nota. Um procedimento foi aberto para responsabilizar os policiais.

Imagens de câmeras corporais de PMs que atenderam a ocorrência foram entregues após 22 dias. O conteúdo já havia sido solicitado durante as investigações.

Polícia Civil de São Paulo concluiu as investigações do acidente e pediu, pela terceira vez, a prisão do motorista. Nas outras duas tentativas, o Poder Judiciário negou a detenção de Fernando.

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