Arquitetura e cidades inspiram ilustrações de brasileiro expostas em Paris

O ilustrador brasileiro Paulo Mariotti, residente na França há quase 30 anos, apresenta atualmente 40 ilustrações de grande formato na exposição "Latitudes", no Jardim de Aclimatação (Jardin d'Acclimatation), em Paris. Fascinado por arquitetura desde a infância, Mariotti tem como temática de seu trabalho edifícios icônicos e cenas do cotidiano em diversas cidades do mundo.

Desde o início do verão europeu, os visitantes do Jardim de Aclimatação podem admirar as ilustrações de Paulo Mariotti. O traçado elegante do artista gráfico nascido na Bahia, as perspectivas trabalhadas, os jogos de luz e sombra, as cores fortes reservadas aos detalhes, entre outros elementos que ele agrega às paisagens urbanas, funcionam como um imã para deter o olhar do espectador. 

"Eu comecei desenhando Paris, depois o Rio. Como meus desenhos têm essa temática de cidades e arquitetura, você encontra prédios icônicos da arquitetura art déco, vários edifícios da Califórnia, que eu desenhei especialmente para essa exposição, e cenas de diversas cidades", explica.

Mariotti conta ter grande admiração por dois pintores: Edward Hopper (1924-67), expoente do realismo americano, e o inglês David Hockney, 85 anos, considerado um dos artistas mais importantes do século 20, que aderiu à pop art britânica e ao hiperrealismo.

Nos estilos arquiteturais, Mariotti se inspira nos movimentos art déco e no modernismo. Outra influência é o cinema. "Cresci vendo cinema americano, e no Brasil somos muito influenciados pela cultura americana", recorda. Esse mosaico de referências compõe o universo de criação do artista. 

Na exposição "Latitudes", que pode ser visitada até 28 de agosto, o público tem a oportunidade de ver uma ilustração encomendada ao artista pela loja do MoMa, o Museu de Arte Moderna de Nova York. "Eu coloquei ali dois personagens que remetem a um filme feito em Nova York, mas vou deixar as pessoas que forem à exposição descobrir quem são", avisa. 

Reconhecimento na França

Nascido em Jequié, na Bahia, Mariotti estudou artes plásticas em São Paulo. O desenho e a arquitetura sempre alimentaram sua curiosidade, desde a infância. Ao terminar a faculdade (Faap), ele se muda para Paris e inicia um novo percurso acadêmico, na Sorbonne.

Nessa época, o artista começou a trabalhar com animação e a fazer ilustrações para a revista francesa Têtu. A publicação sugeriu a ele que fizesse uma reportagem sobre o Brasil. Daquele momento em diante, Mariotti enveredou pelo jornalismo. Ele foi correspondente da revista Vogue Brasil na capital francesa durante muitos anos, colaborou com o canal de TV Globonews, sempre mantendo, em paralelo, a atividade de ilustrador. A França, em sua opinião, reconheceu seu talento e lhe abriu muitas portas. 

De uns anos para cá, Mariotti decidiu voltar a sua vocação inicial, que é o trabalho de ilustrador, o que absorve muito tempo. "Estar envolvido com o desenho é uma coisa que me dá muito prazer. Eu tive muito prazer com o jornalismo, mas cheguei a um momento em que eu preciso me dedicar a isso", conclui. 

Satisfeito com a repercussão de seu trabalho, Mariotti prepara um livro sobre São Paulo e estuda editar suas ilustrações no Brasil.