Instituto que lidera acertos nas eleições pelo mundo aponta Lula com 49,6%
Na reta final da campanha para o primeiro turno das eleições no Brasil, multiplicam-se as pesquisas de opinião e de intenção de votos. Todas elas apontam a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e algumas insistem na possibilidade de uma vitória do ex-sindicalista já no primeiro turno.
Silvano Mendes, enviado especial a São Paulo
Uma delas é a do AtlasIntel, um dos institutos que mais vem acertando os resultados de diversos pleitos internacionais e que aponta, em sua mais recente pesquisa, o primeiro colocado na disputa pelo Planalto com 49,6% dos votos válidos, ou seja, faltando apenas 0,4% para vencer no próximo domingo (2).
O instituto AtlasIntel coleciona bons resultados nos últimos anos: desde o plebiscito chileno em agosto às eleições na Colômbia em junho, passando pelas eleições norte-americanas de 2020, ele está entre os que mais acertam ou se aproximaram da contagem final das urnas. "A gente inovou no contexto latino-americano usando pesquisas com coleta web [com questionários respondidos online]. É uma metodologia que já se usa bastante na Europa e nos Estados Unidos", explica à RFI o cientista político Andrei Roman, CEO da empresa.
No caso do Brasil, sua pesquisa divulgada na terça-feira (27) segue a tendência dos demais institutos, mas aponta a possibilidade de uma eleição decidida no primeiro turno cada vez mais acentuada. "Lula [aparece] com 49,6% dos votos válidos, ou seja, apenas 0,4% para vencer no primeiro turno, e Bolsonaro no segundo lugar, com 42% de votos válidos", detalha. "Então a diferença é de em torno de 8 pontos percentuais entre os dois", explica.
Pleito sem indecisos
Ao contrário de alguns de seus concorrentes, Roman não enfatiza muito o peso daqueles que ainda não sabem em quem vão votar. Ao ponto de dizer que, na sua opinião, não há indecisos nesse pleito. "As pessoas podem se declarar indecisas, mas, de fato, o que elas querem mais é esconder a decisão que tomaram", afirma. "Isso porque os dois candidatos são muito bem conhecidos e geram fortes reações. A rejeição que Lula tem é muito intensa e a que Bolsonaro tem, também. Nesse contexto, o número de indecisos é baixo. As pessoas tiveram mais de duas décadas para avaliar Lula e quatro anos muito intensos para criar uma impressão do Bolsonaro", explica.
Esse romeno formado em Harvard, que escolheu o Rio de Janeiro como sede para seu instituto, sabe que o Brasil é um país complexo e que, mesmo se essa eleição é polarizada, também é imprevisível. Por essa razão, ele pondera que tudo ainda pode mudar com o debate entre os candidatos, previsto para a noite desta quinta-feira (29).
Descrença e politização das pesquisas
Questionado sobre o sentimento de descrença da população nas pesquisas de opinião, ele diz que "essa desconfiança é parcialmente justificada, pois houve erros importantes em ciclos anteriores", lembrando os estudos de 2018 que "subestimaram o desempenho do Bolsonaro no primeiro turno".
"Os que dizem que as pesquisas vêm errando tem, de fato, como comprovar e, por conta disso, existe uma certa desconfiança nas pesquisas. Mas existe também uma politização das pesquisas", observa.
"As pessoas às vezes tendem a exagerar esses erros porque querem descredibilizar as pesquisas que são desfavoráveis de alguma maneira para o campo político que representam. Por exemplo, Bolsonaro ao longo desse ciclo vem atacando as pesquisas, não apenas porque elas erraram em ciclos anteriores, mas também porque estão mostrando ele atrás nesse momento. Se não estivessem, essas mesmas pesquisas seriam lindas, maravilhosas e perfeitas", pontua.
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