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Autores de língua portuguesa radicados na Europa se unem para divulgar sua literatura

15/12/2022 13h56

A União Europeia de Escritores de Língua Portuguesa (UEELP) foi fundada em 2022 e idealizada por autores radicados na Europa, como Mazé Torquato Chotil, e tradutores, como Dominique Stoenesco. O objetivo é dar mais visibilidade à literatura lusófona no continente.

"A necessidade de criar uma força coletiva para promover e dar uma maior visibilidade à produção literária dos escritores de língua portuguesa na França e na Europa vem de longe", explica Dominique Stoenesco, professor aposentado de português do ensino público francês, tradutor, jornalista e cofundador da revista Latitudes e Cadernos lusófonos.

A falta de visibilidade pode ser resumida em um único dado: apenas 2% dos autores de língua portuguesa são traduzidos na França, incluindo os grandes autores lusófonos, ressalta Dominique Stoenesco. Por isso, um dos principais objetivos é aumentar o número de traduções. "Essa é a primeira etapa para que o público e o leitor francês conheçam melhor essas obras", afirma.

A escritora Mazé Torquato Chotil, radicada na França há várias décadas, tem vários livros publicados em português e alguns deles em francês. Ela reitera a necessidade das traduções. "Na França, a gente tem o público brasileiro, lusófono, para quem a gente pode mostrar os livros em língua portuguesa. Isso é de uma grande importância, mas temos também de traduzir para os franceses não lusófonos. São várias as pistas de trabalho. E ele é imenso", diz a autora.

Festa literária

Além do número insuficiente de traduções, há os problemas que envolvem a circulação das obras, a distribuição e a falta de espaços para encontros, lançamentos e apresentações de autores. Para avançar nessa direção, a UEELP realizou no mês de dezembro, em Paris, sua primeira Festa Literária.

O evento reuniu cerca de 20 escritores  da França, Itália, Portugal e Alemanha e promoveu, em um dia, encontros, mesas-redondas e sessões de autógrafos. Os autores moram na Europa, mas são oriundos de vários países de língua portuguesa, como Angola, Brasil e Portugal.

Com menos de dois meses de existência, a UEELP tem a adesão de cerca de 30 escritores, mas o potencial de crescimento da entidade é grande. "Muitos ainda não a conhecem. Quando a gente fala em Europa, falamos de muitos países. A Alemanha, por exemplo, tem mais brasileiros falando de literatura em língua portuguesa do que aqui na França. Então, é importante dizer: nós estamos aqui e estamos escrevendo", diz Mazé Torquato Chotil.

Existe uma temática comum aos escritores lusófonos que vivem longe de seus países de origem? Dominique Stoenesco aponta que "a temática de certos autores angolanos e brasileiros é apresentar, através da ficção e dos romances, a história de seu país, a história no sentido amplo da palavra".