Jogos Olímpicos de Paris: relatório alerta para orçamento insuficiente, problemas com segurança e transportes
Um relatório do Tribunal de Contas de Paris apresentado terça-feira (10) sobre a organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, identifica problemas em termos de segurança e de transportes na Île-de-France, região onde está a capital. O órgão também mostra preocupação com os gastos do comitê de organização.
O documento foi apresentado no Senado e na Assembleia Nacional antes de ser publicado na quarta-feira (11). Os magistrados do Tribunal de Contas mostram preocupação com o equilíbrio do orçamento do Comitê de Organização dos Jogos Olímpicos (Cojop), que foi reavaliado em 12 de dezembro, para incluir mais € 400 milhões em gastos, chegando a € 4,38 bilhões.
No momento da revisão, o Cojop informou que os gastos suplementares eram principalmente resultado da inflação e que seriam cobertos pelo aumento dos ganhos com a venda de ingressos e com os patrocinadores.
Mas, de acordo com o documento, "dúvidas continuam a existir sobre a arrecadação esperada, sobretudo as dos patrocinadores, e riscos foram identificados nas despesas", indicaram os magistrados, que lamentaram também o consumo parcial antecipado de € 115 milhões da reserva de contingência do Cojop, que é de € 315 milhões.
Apesar de ser uma associação que funciona com fundos privados, o Estado francês atua como fiador do comitê em caso de déficit.
O Tribunal de Contas observa que no estado atual, entre a dotação orçamentária da Cojop, as despesas locais e as do Estado, que ainda não foram fixadas, não é possível calcular o custo real das Olimpíadas e "seu impacto total nas finanças públicas".
Problemas com segurança e transportes
O Tribunal também aponta a segurança e o transporte como "riscos a serem circunscritos" para as Olimpíadas de Paris e insiste que o Cojop deve agilizar a assinatura de alguns contratos. "As questões relativas à segurança e ao transporte continuam a ser desafios a serem vencidos e devem ser objeto de particular vigilância por parte das autoridades públicas e da comissão organizadora", nota o Tribunal.
Sobre a segurança, o Tribunal de Contas recomenda "planejar a utilização das forças de segurança interna, assegurando um equilíbrio entre a cobertura das necessidades dos Jogos e as de segurança em todo o território nacional".
Os magistrados recomendam "estabilizar as necessidades de segurança privada e estabelecer medidas alternativas para superar suas prováveis ??deficiências" porque a necessidade de agentes de segurança privada, mais de 20.000 no mínimo, provavelmente não será satisfeita com o contingente existente.
Outra recomendação é de "finalizar o plano geral de segurança para os Jogos antes do final do primeiro semestre de 2023".
Abertura nas margens do Sena
A segurança dos Jogos Olímpicos e da cerimônia de abertura, que está prevista no rio Sena, é tema de várias reuniões, há dois anos. A responsabilidade por ela será repartida entre o Estado francês, a comissão organizadora e os municípios.
O evento, realizado ao longo de seis quilômetros de margens do Sena, deve receber 600 mil espectadores.
No que diz respeito ao transporte na Île-de-France, o Tribunal de Contas indica que "alguns projetos nesta fase apresentam incertezas quanto ao seu prazo de entrega e aumentam a tensão na rede de transporte existente".
"Várias operações de infraestruturas (...) apresentam grandes riscos devido a prazos já apertados e sem real margem de manobra". De acordo com o documento, se as obras não forem concluídas para os Jogos, "o resultado seria uma tensão insustentável" nas linhas de trem e metrô já existentes, com os riscos associados de incidentes e congestionamentos para os usuários diários.
"Tais fenômenos contribuiriam para degradar muito a aceitabilidade do evento pela população", observa ainda o relatório.
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